Acordão polêmico pode revelar mais sujeira na Câmara Municipal de Mesquita


Sancler Nininho (à direita) entrega parte da presidência ao vice, Roberto Emídio. Fontes revelam possível pressão que envolveria até ameaças/Reprodução
A sessão na Câmara Municipal de Mesquita, realizada última quarta-feira, teve um fato inusitado. O presidente da Casa, Saint Clair Esperanca Passos, o Sancler Nininho (PROS), anunciou a divisão de atribuições do cargo com o vice, vereador Roberto Emídio (PP).
Durante sua fala, Sancler especificou que as questões de ordem financeira e cargos agora ficam sob a responsabilidade de Emídio, enquanto ele responde por outros atos burocráticos do Legislativo, o que, segundo revelou uma fonte, significa permanecer somente como presidente de honra. “Ele praticamente entregou o cargo a Roberto, que se torna presidente de fato, só para não ficar feio. Há muito caroço debaixo desse angu”, disse.
Briga nos bastidores
O atitude de ‘entregar’ ao vice a missão de tomar decisões importantes, principalmente no que se refere administração de recursos financeiros e nomeações teria sido uma consequência de um suposto acordão costurado na cúpula da Casa e que não teria avançado de forma ‘pacífica’ porque Sancler não vinha cumprindo sua parte.
A briga causou sangria, vazou da presidência e virou um dos assuntos mais comentados nos corredores da Câmara e também fora dela. Ainda de acordo com a fonte, Emídio estaria se queixando com aliados que Sancler teria descumprido o acordo de entregar a ele um determinado número de nomeações.
A insatisfação do vice-presidente também estaria ligada a suposto acordo financeiro na divisão de valores restantes de pagamento de despesas, como contas e salários. “Emídio queria tomar a presidência depois de ter percebido com quem havia feito acordo.
Ameaças nas redes sociais
Uma outra fonte que trabalha na Câmara revelou que a briga esquentou depois que Sancler teria comentado que estava recebendo ameaças nas redes sociais. Entretanto, o parlamentar não disse a quem estava se referindo, mas funcionários da Casa disseram que se tratava de Roberto Emídio.
Pelo visto, a pressão funcionou. A pergunta que fica é: nos bastidores, como será que está o clima entre os dois mandatários. E vale a máxima de Lao Tsé: “Mantenha os amigos sempre perto de você, e os inimigos mais perto ainda”.
Jornalista é um ‘dossiê ambulante’
As denúncias envolvendo a presidência da Câmara de Mesquita em irregularidades não são novidades. Em um passado recente, quando a Casa era comandada por Marcelo Biriba, as denúncias já vinham à tona e entraram no radar de órgãos como as Polícias Federal e Civil, além do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) que investigam crimes de peculato, associação criminosa, fraude em procedimentos licitatórios e lavagem de dinheiro praticados pelos suspeitos.
O jornalista Maicon Salles (foto), conhecido como ‘dossiê ambulante’, recheado de informações que comprometem vereadores do Legislativo Municipal, disse à reportagem do Hora H que as denúncias de falcatruas promovidas pela presidência, são fatos gravíssimos que precisam ser esmiuçados pelas autoridades competentes para sedimentar um caminho que leve à punição dos responsáveis. “Há mais sujeira na Casa do que em um porão escuro e abandonado. A população, que delegou representatividade a esses políticos não merece tamanha traição de confiança”, declarou.