Alerj arquiva processo contra deputada por suposto envolvimento com a milícia
Comissão entendeu que não houve quebra de decoro por parte de Lucinha
A Comissão de Ética da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) decidiu na tarde desta quinta-feira (20) arquivar o processo ético-disciplinar contra a deputada Lucinha, investigada por suspeitas de envolvimento com a milícia liderada por Luiz Antônio da Silva Braga, conhecido como Zinho.
A maioria dos deputados da comissão entendeu que não houve quebra de decoro parlamentar por parte de Lucinha, apesar das acusações do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) de que ela atuava como braço político da milícia.
A milícia de Zinho é considerada uma das mais poderosas e violentas do Rio de Janeiro, com forte atuação nas regiões de Campo Grande e Santa Cruz, na Zona Oeste da capital, que são as principais áreas de atuação da deputada Lucinha.
Mesmo com a decisão, Lucinha manterá seu cargo e continuará trabalhando normalmente enquanto aguarda o julgamento na Justiça.
Afastada no final de 2023
A parlamentar havia sido afastada no final de 2023, mas foi readmitida na Alerj após uma votação entre os colegas em fevereiro de 2024. Lucinha nega qualquer ligação com milícias. Em maio, ela depôs ao colegiado que julga o processo ético-disciplinar que poderia resultar na sua cassação.
De acordo com a Polícia Federal, Lucinha seria o “braço político” da milícia de Zinho, sendo chamada de “madrinha” pelos criminosos. Zinho foi preso no final de 2023.
Investigações apontam que Lucinha e sua assessora, Ariane de Afonso Lima, agiam para proteger o grupo criminoso de ações das autoridades de segurança. Há indícios de que Lucinha, utilizando sua influência, intermediou a soltura de milicianos presos em uma operação do Batalhão de Rondas Especiais e Controle de Multidões. Além disso, Lucinha e Ariane foram flagradas em outras quatro situações suspeitas que reforçam a ligação entre a deputada e a milícia de Zinho.
Em abril, Lucinha foi indiciada pela Polícia Federal. Na última semana, o MP a denunciou e sua assessora, além de pedir um novo afastamento da deputada.