PF diz que juiz negociou por R$ 1 milhão habeas corpus para traficante ligado a Beira-Mar
A PF indica que a propina negociada em tal caso era de R$ 1 milhão
O desembargador Ivo de Almeida teria negociado e vendido decisões judiciais em
ao menos quatro casos, a preços diferentes, considerando a “gravidade” dos
processos.
Segundo investigações da Polícia Federal, o mais sensível se refere a um
narcotraficante internacional, que seria, segundo os investigadores, homem de
confiança de Fernandinho Beira-Mar. A corporação indica que a propina negociada
em tal caso era de R$ 1 milhão.
A PF ainda vê indícios de suposta corrupção em habeas corpus que beneficiariam
condenados por fraude, roubo e estelionato. Segundo a corporação, a atuação de
Ivo no esquema sob suspeita se dava não só nas ações e procedimentos já sob
sua relatoria, mas por direcionamento de distribuições de processos,
“especialmente pela participação em plantões judiciários na capital paulista”.
As informações constam da decisão do ministro Og Fernandes, do Superior
Tribunal de Justiça, que deu aval para a abertura da Operação Churrascada na
quinta-feira da semana passada (20), e para o afastamento de Ivo de Almeida de
seu cargo por um ano.
A ordem foi deferida após a PF identificar uma “provável associação criminosa”,
dividida em três núcleos (advogados, intermediadores e servidores públicos). Como
mostrou o Estadão, os investigados usavam senhas como “churrasco” e “picanha”
para se referirem às negociações de venda de decisões.
Mais de 400 kg de maconha
O caso mais sensível sob investigação da PF trata de indícios de ilícitos envolvendo
os processos de Romilton Hosi, que foi preso em abril de 2002, acusado de ser
dono de 449 quilos de cocaína. Ele passou anos foragido e foi preso em março de
2019. Foi condenado a 39 anos de prisão por tráfico de drogas, porte ilegal de
arma, uns de documento falso e associação para o tráfico. Ele é apontado como um
dos homens de confiança de Fernandinho Beira Mar, diz a PF. A corporação diz
ainda que ele fugiu do Fórum de Campo Grande em 2002 após o pagamento de
propina de R$ 1 milhão a policiais.