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Brasil tem mais de 30 milhões de cães e gatos abandonados nas ruas

Jota Carvalho – jota.carvalho@yahoo.com

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta a existência de mais de 30 milhões de animais abandonados no Brasil, entre cães e gatos. A questão tem sido analisada pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CRMV-SP), que pensa em soluções para a melhoria deste cenário. Acompanhando esse quadro, o Rio e cidades da Baixada Fluminense não ficam atrás.

Empresária de Nova Iguaçu alimenta animais e camelô ‘adota’ cachorro

“Dá pena ver tantos bichinhos largados aqui no centro de Nova Iguaçu”, disse uma empresária do ramo de confecções, ao Hora H, na manhã de sábado (29). Sem querer se identificar, a comerciante contou que faz o que pode para aliviar o sofrimento de cães e gatos que perambulam pelos becos e praças. “Coloco ração e água em vasilhas espalhadas por alguns pontos”, contou, sem dar mais detalhes.  Assim como essa cuidadora voluntária, outras pessoas socorrem como podem os bichanos largados à própria sorte por ex-donos “desalmados”, conforme classificação do João Carlos, ambulante e morador do Ambaí, em Miguel Couto. “Numa madrugada dessas, desci do ônibus e caminhava para pegar minha banca, quando vi uma mulher descer do carro e amarrar o cachorro bem tratado no poste. Fiquei com pena do bichinho, que passou o dia comigo e depois levei ele para casa. Hoje, o Bob é a alegria da casa. Toda vez que chego do trabalho ele me recebe no portão. Sinto que ele me agradece pelo novo lar”, relatou emocionado o trabalhador informal.

Proteção e Saúde Animal

A consolidação e atualização dos dados que norteiam os programas de controle, a identificação (classificação) e localização dos animais ditos abandonados (uma vez que são confundidos com os “semidomiciliados”, a atitude de negligência e irresponsabilidade de indivíduos que não mantêm a guarda adequada e segura de seus animais e a ausência de uma efetiva política pública integrativa, consorciada e participativa sobre Proteção e Saúde Animal, estão entre as questões centrais para se pensar na melhoria.  “O debate e a solução efetiva desses desafios devem envolver população, órgãos públicos, universidades e ONGs”, relata o presidente da Comissão de Políticas Públicas do CRMV-SP, Carlos Augusto Donini.

Os focos de combate ao problema, atualmente, concentram-se quase que unicamente nas castrações e vacinações. “Há muito por fazer. Essas ações isoladas não são eficazes a médio e longo prazos. Sem um programa completo e contínuo sistematizado não haverá avanços significativos”, pondera o médico-veterinário.

Riscos presentes

Além das condições precárias que vivem estes animais, outros pontos ressaltam a importância de solucionar este problema. Segundo a presidente da Comissão de Saúde Pública do CRMV-SP, Adriana Vieira, o contato direto com esses animais pode expor o indivíduo a riscos elevados de zoonoses, ou seja, de doenças que são transmissíveis aos seres humanos. “Outro risco é desse animal, estando arredio, acabar atacando. Sem falar de outros agravos ao ser humano como, por exemplo, os acidentes de trânsito, quando o motorista tenta desviar de um animal”, comenta Adriana.

O contato com os animais silvestres, quando chegam à área verde também pode ser um problema. “Quando os animais de rua acabam entrando nas áreas verdes e parques naturais, onde vivem os animais silvestres, eles predam a fauna. Ou seja, comem as espécies. Os gatos, por exemplo, comem muitas aves. Já os cães atacam veados, ouriços, macacos, entre outras espécies que vivem na área urbana”, afirma o presidente da Comissão de Médicos-Veterinários de Animais Selvagens do CRMVSP, Marcello Nardi.

Fontes: CRMV-SP, site Cães & Gatos e HORA H

Foto: Reprodução da Internet

 

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