Wassef e mais 4 viram réus na Lava Jato por peculato e lavagem de dinheiro

Cerimônia de posse do ministro das Comunicações, Fábio Farias, no Palácio do Planalto com a presença de ministros e convidados, entre eles Paulo Guedes, Luis Eduardo Ramos, Braga Neto, Augusto Heleno, Dia Toffoli (STF), João Noronha (STJ) Sérgio Lima/Poder360 17.06.2020

 

Wassef, que já havia defendido a família Bolsonaro, é alvo de investigação sobre supostos desvios no Sistema S/Fabio Motta/AFP

A Justiça Federal do Rio de Janeiro aceitou uma denúncia de peculato e lavagem de dinheiro contra o advogado Frederick Wassef, que já representou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o filho mais velho dele, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).

Com isso, Wassef se tornou réu. A Operação E$quema S, desdobramento da Lava Jato, investiga desvios na Fecomércio-RJ. A denúncia foi aceita pela juíza federal substituta Caroline Vieira Figueiredo. Também se tornaram réus, pelos mesmos crimes: Orlando Diniz, ex-presidente da Fecomércio-RJ; Marcia Carina Castelo Branco Zampiron, advogada; Luiza Nagib Eluf, advogada; Marcelo Cazzo, empresário.

A denúncia mira um suposto esquema de tráfico de influência envolvendo grandes escritórios de advocacia e encontrou movimentações suspeitas nas contas do escritório de Wassef, que teriam sido desviados da Federação do Comércio de Bens, Serviços e e Turismo do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ).

Em nota, Wassef disse que “estão criminalizando a advocacia no Brasil”, que não recebeu recursos da Fecomércio e que foi contratado por um escritório renomado e prestou os serviços (veja a íntegra da nota e o que dizem os outros citados no fim da reportagem). Jair e Flávio Bolsonaro não são investigados nessa operação.

Segundo informações do portal G1, Wassef foi contratado para atuar como uma espécie de informante de Orlando Diniz, pressionando pessoas e fazendo apurações paralelas. Segundo um depoimento colhido pelos investigadores, o advogado foi contratado por sua habilidade para lidar com escrivães de polícia.

Não está claro para os investigadores se Luiza Nagib Eluf teria contratado Wassef com anuência dos outros envolvidos nem se o serviço, de fato, foi prestado.

Segundo a denúncia, o ex-advogado de Bolsonaro recebeu R$ 4,5 milhões por meio do escritório de Luiza Eluf. Os investigadores querem saber se o dinheiro foi empregado para alguma atividade concreta.

Além de Wassef, foram alvos de busca e denunciados os advogados Cristiano Zanin e Roberto Teixeira, que defendem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (que não é investigado), e Eduardo Martins, filho do atual presidente do Superior Tribunal de Justiça, Humberto Martins.

A Justiça Federal aceitou a denúncia contra Zanin, Teixeira e Eduardo Martins e os tornou réus. Na ocasião, Zanin e Wassef negaram irregularidades. A equipe de reportagem não conseguiu contato com Martins.

A ligação de Wassef com a família Bolsonaro
A proximidade entre o presidente Jair Bolsonaro e Frederick Wassef começou em 2014, pouco depois da campanha eleitoral daquele ano — naquela disputa, Bolsonaro foi eleito deputado federal com a maior votação do Rio de Janeiro.

O advogado tornou-se um dos principais conselheiros de Jair Bolsonaro. Em 2018, Wassef passou a ser um homem de confiança do presidente e dos filhos. Participou dos bastidores da campanha eleitoral e, após a posse de Bolsonaro como presidente, continuou em contato permanente com a família.

Wassef é dono da casa onde foi preso, em junho, o policial militar aposentado Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio, investigado no caso das rachadinhas, um suposto esquema de desvio de salários de funcionários da Assembleia Legislativa do Rio.

 

Fonte: G1