Carnificina no Jacarezinho: Policia Civil contabiliza 25 mortos em operação no Jacarezinho

Jacaré-15

Policiais recolhem um dos mortos em operação realizada na comunidade. Armas e drogas foram apreendidas/Reprodução

A Polícia Civil informou que das 25 pessoas que morreram hoje (6) durante a operação na comunidade do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, 24 eram suspeitas de envolvimento com o tráfico de drogas. Dez pessoas foram presas. Entre os mortos está o agente da corporação André Leonardo de Mello Frias, da Delegacia de Combate à Drogas (Dcod).

O policial chegou a ser levado para o Hospital municipal Salgado Filho, no Méier, na Zona Norte. Outros dois agentes também foram atingidos. Uma pessoa baleada no pé, quando estava dentro de casa, foi atendida na mesma unidade. Dois passageiros ficaram feridos na estação de Triagem do Metrô, após um disparo atingir uma janela de um trem: o militar da Marinha Rafael M. Silva, de 33 anos, e Humberto Gomes V. Duarte, 20, foram levados para o Salgado Filho. O primeiro deixou a unidade à revelia e seguiu para um hospital da Marinha. Já Humberto foi levado para o Hospital municipal Souza Aguiar, no Centro. Seu estado de saúde é estável.

Quartel-general do tráfico
De acordo com a polícia, a região é um dos quartéis-generais da facção Comando Vermelho e abriga uma grande quantidade de armamentos protegidos por barricadas e táticas de guerrilha adotadas pelo grupo criminoso.

Investigação levou à operação
A operação no Jacarezinho é resultado de uma investigação da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), que começou há mais de um ano. Os agentes descobriram que traficantes estavam recrutando adolescentes de 12 anos para a linha de frente do tráfico na comunidade.

Segundo os investigadores, Felipe Ferreira Manoel, o Fred, Adriano Souza de Freitas, o Chico Bento e Paulo Henrique Godinho dos Santos, o PH do Jacarezinho, são os responsáveis por aliciar essas crianças. De famílias pobres, elas aceitavam trabalhar para os traficantes em troca de ajuda financeira.

Fred é apontado pela polícia como o responsável por esquartejar e sumir com os corpos de moradores e desafetos na comunidade. Os criminosos também estariam coagindo os moradores a não denunciarem os crimes na favela.

Operação com mais mortes
De acordo com o levantamento foi feito pelo portal G1 com base em informações do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni) da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da plataforma Fogo Cruzado, essa operação é a que deixou mais mortos na história do estado.

Antes da ação de ontem, em janeiro de 2003 uma operação de repressão ao tráfico de drogas em Senador Camará, também na Zona Norte, deixou um saldo de 15 mortes. Em outubro do ano passado, foram computados 25 homicídios em ações policiais. O total, no entanto, segundo reportagem do jornal ‘Extra’, referia-se a oito ações diferentes espalhadas pelo estado.

Desde junho do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu operações em favelas durante a pandemia. A decisão permite ações apenas em “hipóteses absolutamente excepcionais” e com o aval do Ministério Público.