Castro demite secretária de Educação e combate o bolsonarismo no PL do Rio

Governador Cláudio Castro e o deputado federal Altineu Côrtes/Reprodução

O governador do Rio, Cláudio Castro, executa uma nova ofensiva em busca do comando estadual do PL, partido pelo qual se reelegeu ao Executivo fluminense no ano passado. Ele pretende se reunir na próxima sexta-feira (17) com o presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto, para exigir mudanças no diretório regional, presidido pelo deputado federal Altineu Côrtes (RJ).

Ligado a Valdemar, que é aguardado para inaugurar o diretório do PL em Niterói na sexta, Altineu pertence à ala bolsonarista do partido e tenta rechaçar o movimento do governador.
Segundo reportagem do Globo on-line, Castro já exigiu o comando do PL há cerca de um mês e, sem ser atendido, passou a exonerar integrantes do governo indicados por Altineu, inclusive no primeiro escalão.

Um dos demitidos foi Bruno Bonetti, braço-direito de Altineu, que figurava no gabinete do governador. Na última sexta, foi a vez da secretária estadual de Educação, Patrícia Reis.

Na vaga de Patrícia, cuja exoneração foi publicada em edição extra do Diário Oficial, Castro nomeou no mesmo dia Roberta Barreto, apadrinhada pelo presidente da Assembleia Legislativa (Alerj), Rodrigo Bacellar (PL).

Choque ideológico
Os choques entre Castro e Altineu se agravaram na eleição à presidência da Alerj, em fevereiro, quando deputados do PL se rebelaram contra a candidatura de Bacellar, apoiado pelo governador.

A existência de arestas entre Castro e o partido, contudo, remonta ao período eleitoral. Após a derrota de Jair Bolsonaro (PL) para Lula (PT) na disputa presidencial, Castro passou a fazer acenos a Lula, enquanto Altineu estreitou sua atuação junto ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), influente na bancada bolsonarista.

Na semana passada, Flávio, Altineu e Valdemar se reuniram em Brasília para alinhar a preparação do PL para as eleições municipais de 2024, e o deputado foi referendado no comando do diretório estadual.

Líder do PL na Câmara, Altineu tem feito acenos a parlamentares alinhados ao bolsonarismo. A vinda de Valdemar para empossar o deputado Carlos Jordy na presidência do PL em Niterói, por exemplo, é costurada também como forma de chancelar seu nome para concorrer à prefeitura local em 2024, movimento que não agrada o governador.

Chapa puro-sangue
Na manhã de ontem (13), em outra articulação que contraria intenções de Castro, o general Walter Braga Netto se reunirá com deputados do PL na capital fluminense. Ele é secretário nacional de Relações Institucionais da sigla, busca se aproximar de integrantes do PL no estado e vem sendo cotado como candidato à prefeitura do Rio em uma chapa puro-sangue.

Já o governador quer lançar um aliado, Dr. Luizinho (PP), com a presença do PL como vice na chapa. Reservadamente, integrantes do PL afirmam que desejam a permanência do governador no partido, mas uma desfiliação está no radar.

Aliados de Castro tentam apaziguar a situação, sob o argumento de que o governador não precisa fazer uma troca partidária agora — ele só disputará uma eleição novamente em 2026, quando pretende concorrer ao Senado.