Corpo de jovem achado em rio depois de sequestro em Nova Iguaçu é enterrado

O corpo de Matheus Costa foi sepultado em Nilópolis/Reprodução

O cadáver de Adriel foi reconhecido pelos familiares/Reprodução 

Matheus Costa da Silva foi um dos quatro homens levados por supostos milicianos na Baixada. Ele foi enterrado em cemitério de Nilópolis

O corpo de Matheus Costa da Silva, de 21 anos, foi sepultado nesta quarta-feira (24) no Cemitério de Olinda, em Nilópolis, na Baixada Fluminense. Parentes do jovem reconheceram seu corpo no Instituto Médico Legal (IML) de Nova Iguaçu por causa de uma tatuagem em homenagem ao avô.

Ele e os amigos Adriel Andrade Bastos, 24; Douglas de Paula Pampolha dos Santos, 22; e Jhonatan Alef Gomes Francisco, 28, foram sequestrados no última dia 12 por milicianos em Nova Iguaçu.

Em uma imagem compartilhada nas redes sociais, a mãe de Matheus disse que o filho era muito amado por todos e que iria sentir sua falta. “Você estará sempre em nossos corações”, escreveu Ana Maria Costa. Ela disse que não deseja o mal dos assassinos, mas que não pode perdoá-los.

“Eu não tive coragem de ver. É meu filho. Eu só peço que Deus dê paz para eles, porque eu acho que eles não têm paz. Porque a gente não tem paz sabendo que nosso filho está do jeito que está. Eu só peço que Deus perdoe eles, porque perdoar, eu não tenho como. Eu não desejo mal de ninguém, de verdade. Eu só queria achar meu filho mesmo”, lamentou.

Buscas pelos outros dois corpos
O corpo de Matheus e o do segundo desaparecido, identificado como sendo o de Adriel, foram achados no Rio Capenga, na região do Km 32, também em Nova Iguaçu, durante uma operação de buscas do Corpo de Bombeiros e de agentes da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). A família de Adriel não divulgou informações sobre o sepultamento do jovem.

Ontem (24) as buscas continuaram na região. As equipes acreditam que os corpos de Douglas e Jhonatan também tenham sido jogados no rio.

A DHBF investiga se o uso e venda de drogas nos locais dominados pela milícia de Danilo Dias Lima, o Tandera, pode ter sido a causa da emboscada que teria levado a execução dos jovens. O Disque-Denúncia (2253-1177) já recebeu quatro denúncias sobre o caso.

Veículo é usado para intimidar rivais e utilizado como apoio para ocupar territórios/Divulgação

Caveirão do Tandera

A Polícia Civil trabalha para encontrar impressões digitais no carro forte apreendido na última terça-feira (23) no bairro Cabuçu, em Nova Iguaçu, por policiais da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco). O veículo pintado nas cores azul e amarelo era usado como uma espécie de “caveirão” pela milícia de Tandera para intimidar rivais e até mesmo para auxiliar na
tomada de territórios.

A polícia também faz uma perícia no chassi e no motor para saber se o carro forte é clonado ou montado. Os investigadores apuraram que a placa do blindado é referente a um veículo de uma empresa, mas não sabem se ele foi clonado pelos criminosos.

O irmão de Tandera foi morto em uma ação da Polícia Civil no último sábado (20), em Nova Iguaçu. Delson Lima Neto, o Delsinho, era a segunda pessoa na hierarquia da milícia chefiada pelo irmão. Dados da inteligência da Draco indicam a possibilidade de envolvimento de Delsinho no desaparecimento dos quatro jovens.

Além de Delson, outros membros do grupo paramilitar também foram mortos na ação realizada pela Draco e pela Coordenadoria de Recursos Especiais (Core). Eles foram identificados como Fofo, Neguinho e Tizil, seguranças dos irmãos. Na ação foram apreendidos quatro fuzis, granadas, pistolas, fardas e coletes.

Na última terça-feira (16), a Polícia Civil também prendeu, em Nova Iguaçu, Nicolas de Oliveira Teixeira do Nascimento, conhecido como Derick. O bandido também faz parte de uma milícia ligada a Tandera. As investigações apontam que Nicolas era o responsável por extorquir comerciantes do bairro Valverde.

Tandera teria levado golpe
Informações dão conta que Tandera teria tomado um golpe de estado em suas áreas, ficando sem 90% do armamento e 90% do seu efetivo, além de metade de suas áreas. Após as mortes do seu irmão Delsinho e de outros membros da milícia, o criminoso teria tentado executar supostos responsáveis por
terem entregado o irmão para a polícia.

Ele teria perdido o controle das localidades entre o Aliança e o Palmares. Os milicianos conhecidos como Juninho Varão, Meia Lua, Harley, Batata, Baratinha seriam os responsáveis agora pela milícia com base em Cabuçu. A ordem do racha no grupo paramilitar teria chegado até mesmo na cadeia.