DHBF acha cemitério clandestino da milícia com dois corpos em Queimados

Milícia em Quei-01

Os agentes da Divisão de Homicídios da Baixada encontraram dois corpos em decomposição dentro de um poço desativado. Uma das vítimas estava sem a cabeça./Reprodução

À medida que as investigações contra o grupo de extermínio Caçadores de Gansos que atuam em Queimados avançam, a Polícia Civil desenterra mais provas que incriminam a milícia chefiada pelo vereador e ex-secretário de Defesa Civil do município Davi Brasil (Avante), de 52 anos.
Vinte e quatro horas depoiis da Operação Hunter, desencadeada pela Polícia Civil e o Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público estadual (Gaeco/MPRJ), cumprir 26 mandados de prisão contra integrantes do bando, entre os quais o político, agentes da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) encontraram o cemitério clandestino ddo grupo de extermínio. O local fica em uma região de mata, entre Queimados e Engenheiro Pedreira, em Japeri, a cerca de 3 km da Rodovia Presidente Dutra (BR-116), e está dentro de um sítio abandonado, acessado apenas através de uma estrada de terra.

Pelo menos 50 corpos ocultados
No terreno foram encontrados os corpos de dois homens, um deles sem a cabeça, que estavam em estado de decomposição, em um poço artesiano com cerca de 15 metros de profundidade. Os cadáveres foram removidos no começo da tarde de ontem. Para o promotor Fabio Corrêa um dos corpos pode ser do homem morto no porta-malas de um Volkswagen Fox preto apreendido na ação. O veículo foi usado pelos milicianos para a morte de uma pessoa entre a noite de quarta e a madrugada da última quinta-feira.
“É muito usual as milícias (matar e esconder os corpos), pois assim elas conseguem controlar o índice de violência. Assim, passamos a considerar como pessoas desaparecidas e não homicídios, dificultando ainda mais que se enxergue o que de fato está acontecendo na região”, destaca o promotor, acrescentando que a milícia de Queimados pode ter matado e ocultado os corpos de pelo menos 50 pessoas. Ele enfatiza que as pessoas que têm seus parentes desaparecidos procurem a DHBF para fazer o registo. “Não precisam ter receio”, disse.

Matador da quadrilha fugiu ao cerco
De acordo com a especializada, um dos outros principais procurados conseguiu fugir ao cerco formado pelos policiais durante a Operação Hunter. Carlos Luciano Soares da Silva, conhecido como Macaco Louco, 34, é apontado como um dos matadores da quadrilha. Após a fuga dele, o Disque Denúncia divulgou que está oferecendo uma recompensa de R$ 1 mil pela sua captura.

Vladimir é conhecido pela crueldade na prática de seus crimes à luz do dia, demonstrando total desprezo aos órgãos de repressão de crimes/Reprodução

Líder da milícia em bairro de Nova Iguaçu
Agentes da 58ª DP (Posse) conseguiram capturar ontem, no bairro São Cristovão, em Queimados, o ex-policial militar e apontado como líder da milícia de Austin, em Nova Iguaçu. Vladimir Guimaraões Ferreira, que foi preso após perseguição pelos agentes, que cumpriram o mandado de prisão preventiva, expedido pela 2ª Vara Criminal da Comarca de Nova Iguaçu, pela prática dos crimes de constituição de milícia e extorsão qualificada.
Segundo as investigações, ele é o primeiro homem na hierarquia da milícia na região e foi expulso da Polícia Militar em razão de suas atividades criminosas, notadamente a exploração de gás liquefeito, tv a cabo pirata, cestas básicas e extorsões, sendo apontado como mandante em diversos homicídios ocorridos na localidade, ao lado dos comparsas identificados como Daniel William Pinheiro Machado, conhecido como Cara de Trem, preso em abril por agentes da unidade.

Vladimir é conhecido pela crueldade na prática de seus crimes à luz do dia, demonstrando total desprezo aos órgãos de repressão de crimes.

Ainda de acordo com as investigações, o bandido tentava uma aliança com traficantes de drogas com atuação em Queimados, onde estava escondido. Também havia contra ele um mandado de prisão por força de sentença penal condenatória pelo crime de homicídio duplamente qualificado. A unidade segue com as investigações para desarticular o grupo paramilitar e reduzir os índices de mortes violentas na região.

Outro preso em Comendador Soares
Outro miliciano foi preso em flagrante na noite da última quinta-feira por agentes da Delegacia de Polícia de Comendador Soares (56ª DP). Gabriel Melo dos Santos portava uma arma de fogo com numeração raspada. Segundo a Polícia Civil, o bandido é integrante da milícia que atua em diversos bairros de Nova Iguaçu e é apontado como um dos braços de Leandro Menezes Barbosa, conhecido como ‘Batata do Aliança’, preso no mês de maio por agentes do Departamento Geral de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (DGCOR).
O preso já estava sendo monitorado pelos policiais civis e as investigações apontam Gabriel como um dos responsáveis pela parte finança do grupo criminoso. O preso foi conduzido ao presídio de Benfica.

Lucas Fernandes De Souza e Dionatam Clemente Dos Santos foram presos em Paciência/Reprodução

Supostos cobradores da milícia rodam na Zona Oeste do Rio
E na tarde de ontem, Lucas Fernandes De Souza e Dionatam Clemente Dos Santos foram presos em Paciência, com R$ 2 mil logo após terem realizado as extorsões, comuns ao grupo criminoso. As prisões foram efetuadas por agentes da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco) prenderam dois cobradores da maior milícia do Rio, que tem base em Santa Cruz e Campo Grande, na Zona Oeste
Contra Dionatam ainda havia um mandado de prisão por organização criminosa. Os dois são membros da maior milícia do RJ, que atua entre Campo Grande, na Zona Oeste, e Seropédica, na Baixada. Considerada o maior grupo paramilitar do Rio, a quadrilha de Wellington da Silva Braga, o Ecko, explora postos de combustíveis, o transporte irregular e até a extração de saibro, além da cobrança de diversas taxas. Ecko nunca foi policial e herdou o grupo criminoso do irmão, Carlinhos Três Pontes, ex-traficante e morto em 2017, em uma ação da polícia. Constam contra Ecko mandados de prisão por homicídio simples, extorsão e associação criminosa.
Em abril de 2018, o miliciano conseguiu escapar de um grande cerco montado pelas forças de segurança. Ecko estava em uma festa num sítio, mas fugiu após quatro criminosos do grupo entrarem em confronto com policiais.