Empresa de reboque que presta serviço sem licitação tem ligação com deputado estadual do RJ

Reboque

Hugo Correa da Cruz e o deputado Márcio Canella/Reprodução

Opção Ativa, que opera na Baixada Fluminense e no Rio, tem contrato com o Detran

Uma empresa de reboques com sede em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, presta serviços ao Detran-RJ sem licitação. A Opção Ativa passou a receber solicitações quando sua concorrente teve o contrato com o órgão público suspenso, após ser investigada na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

De acordo com reportagem do RJ2, da TV Globo, a Opção Ativa tem ligações com o deputado estadual Márcio Canella (União Brasil), com influência política no Detran-RJ.

Ao longo dos últimos meses, a equipe flagrou a atuação dos reboques da Opção Ativa em Duque de Caxias, Mesquita e Nova Iguaçu, e no município do Rio de Janeiro.

Pelo Código Brasileiro de Trânsito, o serviço de remoção, depósito e guarda de veículos pode ser realizado por órgão público diretamente ou por particular contratado por licitação pública.

Até agosto, os carros apreendidos pelo Detran eram levados para os pátios do Departamento de Transportes Rodoviários (Detro), administrados pela APL, empresa contratada por meio de licitação.

CPI da Alerj
Ainda segundo a reportagem, no fim de setembro, o Detro parou de comandar o reboque de carros nas operações do Detran. A decisão foi anunciada na CPI da Alerj que investigou supostas irregularidades no contrato da APL com o Detro.

Desde então, os quatro depósitos do departamento deixaram de receber carros apreendidos pelo Detran. Contudo, antes mesmo da APL ser suspensa, a empresa Opção Ativa passou a ser vista nas operações do Detran.

Atuação ilegal
A Opção Ativa é legalmente contratada pela Prefeitura de Duque de Caxias para gerenciar o depósito público dos veículos apreendidos e abandonados na cidade. Contudo, atualmente, a empresa tem sido usada em operações do Detran no Rio e em outras cidades da Baixada Fluminense, o que pode ser ilegal, de acordo com o advogado Osmar Berardo Filho, especialista em direito administrativo.

Capital social de R$ 2 milhões
De acordo com a Receita Federal, o sócio administrador da Opção Ativa é Felipe Correia da Cruz. No órgão, a empresa aparece com o capital social de R$ 2 milhões.
Apesar de ser sócio da Opção Ativa, Felipe mora em um bairro simples de São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. Ele atende como recepcionista na empresa.

Ao ser perguntado como os carros rebocados em outros municípios acabavam parando no pátio da empresa em Duque de Caxias, ele disse que o Detran “pede reboques da Opção Ativa quando precisa”, e que a empresa é o “depósito municipal de Duque de Caxias”, que teria um “convênio com o Detran”.

Felipe é irmão de Hugo Correa da Cruz, conhecido como Hugo Canelão. Ele é um líder político em São Gonçalo e braço direito, na região, do deputado estadual Márcio Canella, presidente do União Brasil no Rio. Nas últimas eleições, em 2020, Hugo esteve à frente da campanha de Canella.

A reportagem apurou que a ponte entre a Opção Ativa e o Detran passa pelo deputado Márcio Canella. O então presidente do Detran e atual secretário da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Marcus Amim, já recebeu das mãos de Canella a Medalha Tiradentes, a maior honraria entregue pelo legislativo estadual. Além disso, o vice-presidente do órgão, Bruno Cabral Pereira, teria sido indicado pelo deputado.