Entregador baleado por PM segue em estado grave no Salgado Filho

O entregador por aplicativo Nilton Ramon de Oliveira, de 24 anos, baleado na última segunda-feira (4) por um policial militar, que tinha se recusado a descer para buscar o pedido na portaria, na Zona Oeste do Rio, está internado em estado grave no CTI do Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, na Zona Norte.

Em entrevista à Super Rádio Tupi, um tio da vítima, que pediu para não ser
identificado, pede justiça. “Meu sobrinho vai ser só mais um. Espero que seja com
ele vivo, porque se ele morrer, acabou a família”.

Nilton foi atingido por um tiro na coxa após discutir com o cabo Roy Martins
Cavalcanti, que se recusou a descer do prédio para buscar o pedido na portaria. O
entregador então acionou o protocolo de devolução na plataforma e voltou para a
loja. O PM, no entanto, o seguiu.

Os dois começaram uma discussão na Praça Saiqui, momento em que Nilton
passou a gravar o episódio. Após muita discussão, o PM atirou nele.
A Corregedoria abriu um procedimento para apurar o fato. O caso está com a 28º
DP (Praça Seca).

Em nota, o iFood, onde Nilton é prestador de serviço, disse que acompanha o caso
e que irá disponibilizar o seguro hospital pra ele.

Ao se apresentar na 30ª DP (Marechal Hermes), o PM disse que atirou em legítima
defesa depois de Nilton tentar pegar sua arma. Um outro entregador que presenciou
a discussão disse que o policial apontou a arma e atirou em Nilton. A Corregedoria
da PM abriu um procedimento para apurar o fato.

Abriu os olhos

Um familiar da vítima contou que o jovem abriu os olhos nesta terça-feira (5) após passar por duas cirurgias no Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier. A primeira intervenção cirúrgica aconteceu ainda na noite de segunda-feira (4).

“Depois dessa nova cirurgia, ele já abriu os olhos, graças a Deus”, contou o parente ao G1.

Quadro ainda é grave 

A Secretaria Municipal de Saúde esclareceu que o estado de saúde de Nilton ainda é grave. O entregador levou um tiro na perna. De acordo com o tio, o disparo atingiu a veia femoral, o que o levou a perder muito sangue. “Na cirurgia de ontem (4), os médicos reconstruíram a artéria, mas não deu certo. Foi necessário fazer outro procedimento, conhecido como bypass”, explicou.

“Um menino de bom coração”, diz tio

Conhecido pelos familiares como “Niltinho”, o entregador trabalha no ramo há quase quatro anos. O tio conta que ele teve poucas oportunidades na vida, mas que é um menino esforçado. “Não foi criado pela mãe, passou pouco tempo com o pai, um menino esforçado, largou os estudos para trabalhar, que era o que ele estava fazendo, um menino muito esforçado, um menino de bom coração, sabe?”, disse.