Escândalos de corrupção e caráter político questionado mancham imagem do deputado e ex-prefeito do Rio, Marcelo Crivella
O ex-prefeito do Rio e deputado federal mergulhou sua carreira política, ancorada no perfil ‘homem de Deus’, em um mar de lama. Ele se tornou réu pelo esquema “QG da Propina”, que arrecadou mais de R$ 50 milhões
Como um lobo em pele de cordeiro, o ex-prefeito do Rio e deputado federal Marcelo Crivella (Republicanos) mergulhou sua carreira política, ancorada no perfil ‘homem de Deus’, em um mar de lama e colocou em xeque a confiança do eleitorado.
Escândalos envolvendo corrupção, como o QG da Propina, o fizeram despencar do topo de sua popularidade e trouxeram à tona discussões sobre desvio de caráter do político conservador, defensor da moral e dos bons costumes.
Preso em dezembro de 2020, acusado pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) de usar um evento na prefeitura em 2018 para promover a candidatura de um aliado a deputado federal, Crivella foi absolvido em parte pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do crime de abuso de poder político em agosto de 2021.
Mas em fevereiro de 2023, a denúncia do “QG da Propina” foi aceita pela Justiça Eleitoral do Rio de Janeiro. Com a decisão, Crivella e os outras 25 pessoas viraram réus pelo crime de falsidade ideológica eleitoral, o chamado “caixa 2”, além dos crimes comuns de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
O ex-prefeito foi acusado de chefiar uma organização criminosa, que tinha como principal negociador de contratos públicos seu “homem de confiança”, o empresário Rafael Alves.
Perda de votos em redutos eleitorais As denúncias que pesaram contra o político mergulharam sua popularidade nas sombras, e, consequentemente, refletiu na perda de votos. Esse antagonismo já avança para a Baixada Fluminense, região onde Crivella teria conquistado eleitores, principalmente em Nova Iguaçu, reduto eleitoral de sua aliada política, também deputada federal Rosângela Gomes (partido). Mas isso ficou no passado.
Relembre o caso do ‘QG’
De acordo com a denúncia do MP, mesmo sem cargo na Prefeitura do Rio, Rafael Alves tinha uma sala na sede da Riotur, a empresa de turismo da cidade, e negociava de lá. A defesa do empresário Rafael Alves não se manifestou publicamente.
Os promotores destacaram que o esquema criminoso foi instalado na Prefeitura com a finalidade de aliciar empresários para os mais variados esquemas de corrupção, com o foco na arrecadação de propina, mediante promessas de receberem uma espécie de “tratamento preferencial” em contratos com a administração municipal. O MP afirma que a quadrilha transformou a repartição pública em um “QG da Propina”, e arrecadou mais de R$ 50 milhões.
Crivella é bispo, licenciado, da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), denominação neopentecostal fundada por seu tio, Edir Macedo.
Por Antonio Carlos, Hora H