Familiares lamentam morte de menina de 3 anos no RJ: ‘Dor é inacreditável’

Menina

Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos, morreu após 9 dias internada; ela foi baleada em ação da PRF

Amigos, familiares e autoridades lamentaram a morte da menina Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos, que morreu neste sábado (16), após ter ficado nove dias internada em um hospital de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Ela teve de ser hospitalizada após uma abordagem de agentes da PRF (Polícia Rodoviária Federal) a um carro da família no Arco Metropolitano, na altura de Seropédica.

Familiares e amigos utilizaram as redes sociais para prestar homenagens à Heloisa. “Descansa em paz, princesa, você foi forte. Lutou até o último momento. Seu brilho, suas fofuras e seu sorriso encantador jamais serão esquecidos”, escreveu a prima Jeovana Dutra nas redes sociais.

Os pais da menina pedem “justiça”, segundo membros da ONG Rio de Paz, entidade que presta assistência social e jurídica a famílias de vítimas de operações policiais no Rio de Janeiro.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, escreveu nas redes sociais que se manifestará somente ao final do processo. “Quanto à apuração de responsabilidade administrativa, reitero que o processo administrativo foi instaurado no mesmo dia da ocorrência. Minha decisão só pode ser emitida ao final do processo, como a lei determina. Também já há Inquérito Policial na Polícia Federal, que será enviado ao MPF e à Justiça.”

A Secretaria de Saúde de Caxias lamentou a morte. “Em nome da Prefeitura de Duque de Caxias e de todos os colaboradores da Secretaria Municipal de Saúde, lamentamos profundamente e nos solidarizamos aos familiares e amigos da pequena Heloísa.”

A presidenta da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher do Rio de Janeiro, deputada estadual Renata Souza, disse que a morte de Heloísa é “inaceitável”. “Tristeza imensa. Inaceitável, revoltante, dilacerante. Mais uma família dilacerada, mais um futuro exterminado. Muita dor.”

A PRF também lamentou a morte por meio de nota. “Solidarizamo-nos com os familiares, neste momento de dor, e expressamos as mais sinceras condolências pela perda”, disse.

Morte e investigações
A morte ocorreu após uma parada cardiorrespiratória irreversível, às 9h22 deste sábado, informou a prefeitura de Duque de Caxias. A garota estava internada no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes desde o dia 8 de setembro.

O carro abordado durante a ação da PRF era roubado. Contudo, a pessoa que teria vendido o veículo à família da menina compareceu à delegacia do Rio de Janeiro para prestar esclarecimentos. “O pai e a mãe da menina não sabiam de nada quando compraram o veículo”, afirmou o integrante da Rio de Paz.

Ação policial
A criança foi baleada dentro do carro da família em Seropédica, na Baixada Fluminense, no último dia 7. Os familiares disseram que os tiros partiram da polícia, que afastou três agentes. No carro, estavam a menina, os pais, a irmã e uma tia.

O agente da PRF Fabiano Menacho Ferreira disse em depoimento que disparou contra o carro “depois que ouviu o barulho de tiro”, segundo a TV Globo. De acordo com o policial, ele e dois colegas começaram a perseguir o veículo após constatarem que o automóvel era roubado.

A PRF afastou três policiais e diz que a Corregedoria apura o caso. Em nota, a corporação afirma que os agentes também passarão por avaliação psicológica e expressa “profundo pesar” pela situação.

O diretor-geral da PRF, Fernando Oliveira, disse que os agentes são proibidos de atirar contra automóveis, mesmo em caso de fuga. Segundo ele, qualquer excesso cometido por parte de agentes não tem apoio do presidente Lula (PT), nem do ministro da Justiça, Flávio Dino, e nem dele.

MPF pede prisão de agentes envolvidos na morte

O Ministério Público Federal pediu a prisão preventiva dos três agentes da Polícia Rodoviária Federal envolvidos na ação que terminou com a morte da menina.

A violência inverteu a ordem natural da vida: filhos não deveriam morrer antes dos pais. Heloisa resistiu durante nove dias, mas os ferimentos provocados pela bala de fuzil foram devastadores. A família preferiu se recolher e manter o silêncio.

O órgão investiga um policial da corporação que entrou no hospital enquanto a menina estava internada, mas não teve acesso a UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Imagens de câmeras de segurança do local foram enviadas ao MPF para serem analisadas. (Com informações do g1).