Ficou difícil para vereadores ligados à milícia na Baixada Fluminense

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Davi Brasil Caetano logo após ser preso. O carro apreendido com sangue no porta-malas e a tatuagem com a marca do bando/Reprodução

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Operação do Ministério Público e da Polícia Civil agarra integrantes de um dos bandos mais perigosos do RJ. O vereador Davi Brasil Caetano, apontado como chefe da quadrilha, foi um dos presos

O ex-secretário de Defesa Civil de Queimados, vereador eleito pelo Avante e também PM reformado Davi Brasil Caetano foi um dos preso da Operação Hunter, desencadeada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), e Polícia Civil, na manhã de ontem.
De acordo com as investigações, Davi é considerado o chefe da milícia conhecida como ‘Caçadores de Ganso’, uma das mais violentas do RJ, aponta o MP. Ele foi preso em casa e, ao sair, acenou para as câmeras. A Polícia Civil disse que o bando teria atuação em três condomínios do Programa Minha Casa, Minha Vida, em Queimados. O vereador era o responsável pela exploração da atividade de distribuição clandestina de sinal de TV a cabo desempenhada pelo grupo, adquirindo os materiais necessários à expansão das centrais clandestinas para ampliar sua área de atuação.
Dos 32 mandados de prisão expedidos pela Justiça, os agentes cumpriram 24, sendo que 8 pessoas já estavam presas. Aline Amorim Silva, síndica de um condomínio dominado pela milícia em Queimados, também foi presa. Ela é apontada pela polícia como suspeita de permitir a entrada da milícia no local. Segundo o Ministério Público, Aline também passava para milicianos informações de moradores que seriam envolvidos com o tráfico de drogas.
Além do vereador, outros integrantes do grupo praticavam diferentes funções ligadas à atividade da milícia, tais como cobrança ilegal de taxas de serviços e por suposta segurança, observação de “inimigos” e prática de homicídios, entre outras.

Ação em Mesquita
De acordo com reportagem do Bom dia Brasil, da TV Globo, um braço da operação também atingiu Mesquita, município no qual os agentes cumpriram mandados de busca e apreensão de material relacionado a atuação da milícia. As investigações devem ter como alvo outras cidades da Baixada.

Violência extrema
Ainda segundo o MP, os Caçadores de Ganso eram os milicianos mais violentos do Rio de Janeiro. A investigação começou há dois anos, com um ataque a um bar de Queimados. O grupo manteve uma página em rede social, administrada por alguns dos denunciados, onde anunciava, previamente, quem seriam as suas vítimas. A página não está mais ativa.
No ano passado, a polícia prendeu Anderson Chispe Cavalcante, então suspeito de ser o chefe dos Caçadores. Na ocasião, ele foi flagrado com toucas ninjas, uniformes militares e cadernos com anotações de cobranças. O promotor Fábio Correa Matos disse que “eles (milicianos) impuseram o terror nesses condomínios e praticavam muitos homicídios”. Entre as vítimas, havia usuários e traficantes, apesar de dois dos membros da milícia estarem envolvidos com o tráfico de drogas.

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Retranca – Matador do bando tem tatuagem de caveira: ‘Justiceiro’
Nas investigações, o Ministério Público estadual (MPRJ) descobriu que o bando usava páginas no Facebook para anunciar os próximos alvos e que lucrava até com a venda de kit churrasco para os moradores no Condomínio Valdariosa. Com isso, eles só podiam comprar carne, linguiça ou carvão das mãos dos integrantes do bando. Os criminosos também exploram o monopólio de venda de cestas básicas, gás de cozinha, água, moto-táxi e cobrança de taxa de segurança para comerciantes e moradores.
Um dos presos, Ewerton de Almeida Albuquerque, conhecido como Careca, é apontado como um dos matadores da quadrilha. Ele tem uma tatuagem de uma caveira símbolo do filme “O Justiceiro” nas costas. Careca já ficou preso durante oito anos por porte ilegal de armas. Há três meses, ele cumpria a pena no regime semiaberto.
Durante a ação, a polícia encontrou sinais de sangue fresco em um dos três (um Fox preto) veículos apreendidos na ação. Havia ainda objetos como touca ninja, luva e um facão escondido no lugar onde fica o estepe.
Segundo o delegado Moysés Santana, titular da Divisão de Homicídios da Baixada, isso indica que o crime tenha ocorrido na última noite. “Estamos tentando identificar a vítima e o autor que acreditamos estar entre os presos da operação desta quinta-feira”, disse.