Hacker recebeu R$ 13,5 mil via Pix de membros do gabinete de Zambelli

Brasil

Os autores das movimentações atuam como servidores comissionados no gabinete
da parlamentar e de parente

BRASÍLIA – Dados de transações financeiras obtidos pela Polícia Federal (PF)
apontam que Walter Delgatti, conhecido como o “hacker da Vaza Jato”, e preso
preventivamente na manhã desta quarta-feira (2/8), recebeu R$ 13,5 mil, via Pix, de pessoas próximas a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). Os autores das movimentações atuam como servidores comissionados no gabinete da parlamentar e de parente.

Delgatti é suspeito de invadir os sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ),
entre 4 e 6 de janeiro deste ano. Nas datas, foram inseridos no sistema do CNJ e de
outros tribunais brasileiros 11 alvarás de soltura de presos e um mandado de prisão
falso contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
“Verifica-se que, do montante de R$ 13.500, a quantia de R$ 10.500 foi enviada por
Renan César Silva Goulart, valendo-se de 3 transferências bancárias via Pix; e que o
valor de R$ 3.000 foi enviado, numa única transferência bancária via Pix, por Jean
Hernani Guimarães Vilela”, diz a PF.

Goulart é servidor comissionado da Assembleia Legislativa de São Paulo, lotado no
gabinete de Bruno Zambelli, irmão da deputada. Vilela, por sua vez, é secretário
parlamentar no gabinete da própria Carla Zambelli.

Delgatti e Zambelli são alvos de operação da PF. A parlamentar foi alvo de
mandados de busca e apreensão em pelo menos quatro endereços. O hacker foi
preso preventivamente.

Negou envolvimento
Em pronunciamento na Câmara dos Deputados, a parlamentar admitiu que manteve contato com o hacker, e o colocou em contato com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. No entanto, nega qualquer envolvimento na invasão.

“O que tenho de relação com o Walter é que o conheci, saindo de um hotel. Vivia
trocando de telefone, queria falar ao vivo. Nos vimos três vezes, e conversamos
sobre tecnologia. Uma vez, o ajudei a vir a Brasilia, ele disse que teria provas e
serviços a oferecer ao PL e o levei a Valdemar da Costa Neto, fizemos uma reunião”,
admitiu a parlamentar.

No depoimento, Delgatti assumiu a invasão nos sistemas do Judiciário e confirmou o envolvimento da deputada. Ele também afirmou na delação que o ex-presidente
Bolsonaro perguntou a ele se, munido de “código-fonte”, conseguiria invadir urnas
eletrônicas.

Contudo, o delator afirmou que “isso não foi adiante, pois o acesso dado pelo TSE
(Tribunal Superior Eleitoral) foi apenas na sede do tribunal”, e Delgatti não poderia ir lá. A reunião teria ocorrido no Palácio do Planalto.