Homem morto na Vila Kennedy foi baleado mesmo depois de gritar que era trabalhador

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Familiares se despedem de Guilherme Santos de Carvalho no Cemitério de Ricardo de Albuquerque/Cleber Mendes / Agência O Dia

O maqueiro Eberson Luiz Santos da Silva, de 42 anos, e o auxiliar de mecânico
Guilherme Santos de Carvalho, de 18 anos, foram enterrados na tarde desta segunda-feira (27), no Cemitério de Ricardo Albuquerque, na Zona Norte do Rio. Os dois foram mortos na noite de sábado, na Vila Kennedy, na Zona Oeste.

Eberson foi baleado durante uma ação da Polícia Militar na comunidade. De acordo
com o advogado da família, Ed Wilson Dutra, o maqueiro foi atingido por um disparo na perna e gritou que era trabalhador, mostrando seu crachá. Em seguida, foi baleado na barriga. Familiares afirmam que o homem ainda levou mais tiros e o
corpo ficou irreconhecível. Os moradores realizaram um protesto na Avenida Brasil,
onde Guilherme foi baleado e morto.

Segundo a PM, um agente de folga alegou ter sido vítima de uma tentativa de
assalto por parte do mecânico e, por isso, teria atirado. A família do jovem, no
entanto, nega a versão e afirma que a cena do crime foi alterada para que
colocassem celulares roubados de posse da vítima. O caso está sendo investigado
pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC).

“Ele errou em ter ido à manifestação, botado camisa na cabeça. Na comunidade, a
única voz que a gente tem é fazer um protesto, porque mais cedo morreu outro
trabalhador. A gente tem que abrir a boca, não podem matar inocentes. Ele
trabalhava, todo mundo sabe. Se meu filho tivesse errado, eu não estaria botando a
cara. Meu filho é inocente. Quando caí em cima do corpo, eles me tiraram. Meu filho
estava de um jeito e, depois, estava em outra posição. A cena foi alterada, com
certeza. Os policiais não podem chegar matando as pessoas. Foi covardia”, disse
Sandra Silva Santos, mãe do jovem.