Homem tenta matar a esposa e incendiar casa em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense 

Tentativa

Murilo Henrique deixa a delegacia e vai para o HGNI (no alto). As chamas causaram um rastro de destruição no imóvel do casal no Jardim America/Divulgação/PMERJ

Preso em flagrante, ele tentava impedir que vítima fosse embora. Vítima está internada com queimaduras de 2º grau

Mais um caso de violência doméstica que atinge níveis alarmantes no Rio de Janeiro foi registrado pela Polícia Civil. Agentes da 58ª DP (Posse) prenderam em flagrante homem que tentou assassinar a esposa e incendiar o imóvel do casal, na madrugada desta quarta-feira (10) em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Luciana da Silva Santos está internada com queimaduras de 2º grau no Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI). Murilo Henrique Delphino Alves, que também sofreu ferimentos, está sob custódia na mesma unidade.

De acordo com o boletim de ocorrência, uma policial civil lotada na 58ª DP tomou conhecimento sobre a tentativa de feminicídio através das redes sociais e acionou a unidade para a Rua Neuza, no Jardim América. Acompanhada de outro inspetor, ela foi até o HGNI, onde Luciana está internada, e ouviu da vítima o relato de que teve uma briga com Murilo, com quem vivia há cerca de 2 anos, porque queria ir embora e ele não aceitava a separação.

Na noite da última terça-feira (9), após mais uma discussão do casal motivada por ciúmes, Murilo ligou para a mãe de Luciana para falar da briga. Durante a ligação, a vítima contou que ele havia se apropriado do seu celular e pediu para a mãe ir buscá-la.

Ainda segundo relatos, a mãe da vítima chegou minutos depois ao imóvel do casal e encontrou a filha abalada dizendo que os dois chegaram às vias de fato.

Chamas espalharam rápido
Por volta das 00h15, ao perceber que a mulher estava decidida a ir embora, Murilo foi até a cozinha, pegou uma garrafa de álcool e um isqueiro e disse que queimaria todos os pertences da companheira. Quando ele começou a jogar o produto no guarda-roupas, a mãe da vítima o segurou para evitar uma tragédia.

O acusado, então fez movimentos circulares, lançando o álcool em várias direções, atingindo Luciana, e depois acendeu o isqueiro. Rapidamente as chamas espalharam pelo corpo e cabelos de Luciana e também em Murilo, que sofreu queimaduras na barriga.

Na tentativa de apagar as chamas, a mãe da vítima usou um cobertor. Mas ao perceber que as chamas persistiam, ela levou a filha para o chuveiro até que as chamas foram apagadas. Ela também conseguiu apagar as chamas que consumiam o tapete e as roupas de cama. Enquanto isso, Murilo estava no outro quarto acalmando os filhos do casal.

Uma vizinha acionou o Samu, que socorreu Luciana até o HGNI. A unidade informou que a vítima sofreu queimaduras de segundo grau. Ela passou pelo procedimento de raspagem nos ferimentos, tem quadro de saúde estável, mas sem previsão de alta.

Prisão preventiva
Segundo o delegado Roberto Cardoso, titular da 58ª DP (Posse), Murilo foi preso em flagrante de delito e teve pedida a prisão preventiva.

Ele segue internado no HGNI e, após alta médica, será encaminhado para a audiência de custódia.

 

Michele foi vítima de Edmilson, que não aceitava o fim do relacionamento/Reprodução

Morre mulher incendida pelo ex em estação de trem

Michele Pinto da Silva, de 37 anos, morreu nesta quarta (10), dois dias depois de ficar internada no Hospital Municipal Pedro II, na Zona Oeste do Rio. Na última segunda-feira (8), ela teve o corpo incendiado pelo ex-marido e com quem tinha uma filha de 2 anos. O crime aconteceu na estação de trem Augusto Vasconcelos, em Campo Grande, também na Zona Oeste.

Edmilson Felix do Nascimento, o acusado, teria jogado gasolina na vítima, ateado fogo e em seguida fugido pelos trilhos do trem. Michele foi resgatada pelos bombeiros. Ele foi encontrado sem vida na Baía de Guanabara por volta das 21h. Ele teria pulado da Ponte Rio-Niterói, já que o carro dele foi abandonado no local e amigos informaram que ele havia mandando mensagens se despedindo. Parentes de Michele informaram que Edmilson não aceitava o fim do relacionamento, que aconteceu há pouco mais de um mês.

Níveis alarmantes

O cenário de violência contra a mulher no Estado do Rio de Janeiro atingiu níveis alarmantes neste ano de 2024. Em apenas dois meses, a taxa de tentativas de feminicídio aumentou em 55%, deixando um rastro de 20 mulheres mortas.
Além de Luciana, em menos de 24 horas, outras três mulheres foram vítimas de violência brutal pelos ex-companheiros.

Apesar de ainda não constarem nos dados oficiais do Instituto de Segurança Pública (ISP), esses crimes confirmam uma tendência preocupante desde o início do ano. Em comparação com janeiro e fevereiro de 2023, a taxa de feminicídio aumentou em 25%, enquanto as tentativas de feminicídio cresceram 54,7%.

Nos dois primeiros meses de 2023, foram contabilizados 16 feminicídios e 53 tentativas. Agora, esses números subiram para 20 e 82, respectivamente, atingindo o maior patamar já registrado desde o início da série histórica em 2017.

Por Antonio Carlos, Hora H