Indícios de fraude: ex-secretário de Witzel é alvo de operação da Polícia Federal
Fernando Ferry é citado em investigação sobre indícios de fraude em compras de EPIs
O ex-secretário estadual de Saúde no governo afastado Wilson Witzel, Fernando Ferry, foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) na manhã de ontem. As investigações que levaram à Operação Desmascarados aponta indícios de fraude em compras de equipamentos de proteção individual (EPIs) contra o coronavírus pelo Hospital Universitário Gaffrée e Guinle.
A força-tarefa investiga suspeitas de direcionamento na escolha do fornecedor dos EPIs e de superfaturamento — alguns itens foram comprados pelo triplo do preço de mercado. O hospital informou que a atual gestão assumiu em junho do ano passado. “Desde então, vem fazendo diversos relatórios de apuração e auditoria”.
O Gaffrée e Guinle, do qual Ferry é superintendente e de onde ele se licenciou para assumir a Saúde do RJ em maio de 2020, é vinculado à Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).
Ele sucedeu a Edmar Santos, que depois delatou um esquema que levou ao afastamento do governador Wilson Witzel. Pouco mais de um mês depois, Ferry pediu demissão.
Mandados de busca e apreensão
Os agentes cumpriram cinco mandados de busca e apreensão expedidos pela 5ª Vara Federal Criminal do Rio. Um deles foi no hospital, no Maracanã. As equipes também foram ainda a endereços na Tijuca, em Jacarepaguá e em Duque de Caxias.
As suspeitas de irregularidades constam de uma auditoria da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) e de um relatório de fiscalização da Controladoria-Geral da União (CGU). A força-tarefa aponta indícios de favorecimento de um determinado grupo de empresas e a conivência de funcionários públicos.
De acordo com as investigações, máscaras e aventais foram adquiridos por até o triplo do preço de mercado. Uma dispensa de licitação de R$ 1,2 milhão adquiriu, entre outros itens, 6.500 máscaras e 6.500 aventais. Cada máscara saiu a R$ 47,80, e cada avental, a R$ 49,50. Os mesmos itens foram cotados em outro chamamento público da EBSERH, respectivamente, por R$ 12,50 e R$ 15.
Neste caso, a CGU apontou um sobrepreço de R$ 650 mil e um superfaturamento de R$ 398 mil, além de fortes indícios de direcionamento do processo realizada pelo hospital. A operação também apura se o quadro societário das empresas beneficiadas é integrado por “laranjas”.