Investigado por propina, ex-prefeito de Itaboraí tem bens sequestrado

Sérgio Soares teria recebido dinheiro de empresas de ônibus/Reprodução

O ex-prefeito de Itaboraí, Sérgio Soares, teve os bens sequestrados pela Justiça. Investigação do Ministério Público do Rio (MPRJ) mostrou que ele recebeu propina de empresas de ônibus para fiscalizar o transporte clandestino na cidade. Além do dinheiro, uma mansão em Niterói, na Região Metropolitana, foi usada como pagamento.

A casa de alto padrão em Camboinhas, na Região Oceânica de Niterói, foi comprada, segundo o MP, por mais de R$ 1 milhão com dinheiro de corrupção.

A investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) apontou que o imóvel foi dado a Sérgio Soares, ex-prefeito de Itaboraí, em 2012, como um “presente” para fazer o que deveria ser sua obrigação: enfrentar o transporte clandestino na cidade.

Dez anos depois, a casa está avaliada em mais de R$ 3 milhões. Ela foi comprada no nome de uma empresa de Marcelo Traça, empresário e ex-dirigente da Fetranspor, a Federação de Empresas de Transportes do RJ.
Depois de ser preso em 2017, Marcelo Traça se tornou colaborador do MP, como conta o promotor Antônio Carlos Pessanha, do Gaeco.

Na delação, Traça contou que as empresas dele perdiam muito dinheiro para o transporte clandestino e que acertou o pagamento de propina a Sérgio Soares, como contrapartida, antes mesmo da eleição: uma mesada de R$ 40 mil, que passou a ser abatida para a compra do imóvel em parcelas.
No último dia 7, o juiz Marcelo Rubiolli determinou o sequestro de bens de Sérgio Soares no valor total de R$ 4 milhões. Também foram bloqueadas as contas bancárias e as aplicações financeiras do ex-prefeito de Itaboraí.

Lavagem de dinheiro
A decisão tem efeitos ainda contra Sérgio Roberto, filho de Sérgio Soares, e de Eraldo Jorge, amigo da família. A investigação aponta ainda que dois ajudaram o ex-prefeito a lavar o dinheiro da corrupção.

Sérgio Soares foi três vezes prefeito de Itaboraí e duas vezes deputado estadual. Na última eleição, concorreu a deputado federal pelo PSD, mas teve o registro da candidatura indeferido pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ). Ele recebeu menos de quatro mil votos, votação insuficiente para se eleger.

À Justiça Eleitoral, ele declarou ter R$ 210 mil. A maior parte, R$ 175 mil, em espécie, já que uma outra conta também tinha bloqueio judicial.