Justiça decreta prisão de Zinho e outros cinco comparsas acusados de envolvimento na morte de Jerominho

Jerominho

Jerominho e um amigo foram fuzilados em agosto de 2022/Reprodução 

Zinho, o último à direita, após ser preso em 2015; hoje, é o chefe da maior milícia do Rio/Reprodução

Rodrigo dos Santos, o Latrell, braço direito de Zinho, também teve a prisão decretada/Reprodução

A Justiça decretou a prisão preventiva de seis envolvidos na morte do ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, e de seu amigo, Maurício Raul Atallah, em agosto de 2022. Entre os acusados está um dos chefes da milícia que atua na Zona Oeste do Rio, Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho. De acordo com a denúncia do Ministério Público estadual, Jerominho foi morto por ter traçado um plano para reassumir a milícia que ajudou a fundar.

Na decisão desta segunda-feira, a juíza Alessandra da Rocha Lima Roidis, da 1a Vara Criminal do Rio, também aceitou denúncia do MP, tornando os acusados réus pelos assassinatos. Além de Zinho, foram denunciados e tiveram a prisão decretada Rodrigo dos Santos, o Latrell, braço direito de Zinho, Matheus da Silva Rezende, o Fausto, sobrinho de Zinho, Alan Ribeiro Soares, conhecido como Nanan ou Malvadão, antigo aliado de Zinho, além de Paulo Favid Guimarães Ferraz, o Costelinha e Yuren Cleiton Felix da Silva, conhecido como Naval.

A investigação foi concluída pela Delegacia de Homicídios da capital no início do último mês. Dos seis acusados, apenas Zinho não tinha sido indiciado pela especializada, mas foi incluído na denúncia do MP. O relatório da DH aponta que os indiciados faziam parte do grupo do miliciano, mas não aponta sua responsabilidade direta pelo crime.

As principais provas utilizadas na investigação são mensagens de texto encontradas pela Polícia Federal no celular de Latrell após sua prisão, em março de 2022. No diálogo, de acordo com as investigações, Latrell, identificado como Eclesiastes 3, conversa com Matheus, vulgo Fausto, sobre Jerominho e seu irmão, Natalino José Guimarães.

Inicialmente, Latrell encaminha a Fausto uma mensagem na qual há uma informação de que Natalino e Jeorminho estavam arquitetando algo contra a milícia de Zinho. O texto diz que os dois estavam “articulando algo contra o irmão”. Para os investigadores, o vulgo irmão é usado para se referir a Zinho.

O texto diz, ainda, que um informante teve acesso à informação por intermédio de Luciano e Malvar. O filho de Jerominho é Luciano Guinâncio Guimarães, que está preso desde 2008, acusado de integrar a quadrilha que o pai comandava. André Luiz da Silva Malvar é ex-policial e também está na cadeia por fazer parte da milícia de Jerominho e Natalino.

Latrell encaminha as informações para Matheus, e acrescenta. “Pega a visão, mano. O Gordinho mandou. Passa para o irmão. Resolver esses velhos logo. Praga do crl”. Matheus responde: “É mermo (sic)”. Para os investigadores, os “velhos” são Jerominho e Natalino. O diálogo ocorreu em março de 2022.

Na denúncia contra o grupo, o promotor Alexandre Murillo Graça afirma que Jerominho havia perdido sua liderança sobre as atividades da milícia que ajudou a criar em razão do longo período em que esteve preso (de 2007 a 2018).

“Ao ter a liberdade restabelecida, (Jerominho) traçou um plano para retomar o controle da organização criminosa da qual fora líder, juntamente com seu irmão Natalino José Guimarães. Ao tomar conhecimento através dos denunciados Rodrigo dos Santos (vulgo Latrell ou Eclesiastes 3) e Matheus da Silva Rezende (vulgo Fausto) sobre a existência de um plano dos irmãos Jerominho e Natalino (vulgo Velhos) para retomar a liderança da organização criminosa, o denunciado Luís Antônio da Silva Braga (vulgo Zinho ou Irmão) determinou àqueles, então, que estabelecessem um plano para matar Jerominho “, escreveu o promotor.

Ainda de acordo com as investigações, os outros três denunciados – Nanan, Costelinho e Naval – foram os executores de Jerominho. Segundo apurado, o trio foi o responsável por desembarcar de um Cobalt branco, na Estrada do Mendanha, em Campo Grande, e atirar contra o policial civil aposentado. Maurício Raul Atallah também foi atingido e morreu após um mês internado. Na fuga do local do crime, um dos executores foi flagrado por uma câmera de segurança apoiado para fora de uma das janelas do veículo, empunhando um fuzil.

Negou envolvimento do pai

Em seu depoimento à Delegacia de Homicídios da capital (DHC), a filha de Jerominho, Carmen Glória Guinâncio Guimarães, a Carminha, negou que seu pai tivesse envolvimento com a milícia de Campo Grande e citou que dias antes da morte do pai, tinha ocorrido uma reunião política na qual ficou decidido candidatos que sua família apoiaria. Luciano Guinâncio, ao ser ouvido pela polícia, também negou que seu pai tivesse envolvimento com paramilitares na época de sua morte, e “apenas prestava apoio político a determinados candidatos”.

Já Natalino, ao ser ouvido, relatou ter tomado conhecimento de que alguns milicianos queriam cobrar taxa de segurança dos comerciantes que alugavam seus imóveis e de Jerominho e eles se recusavam, usando como pretexto que os irmãos eram os donos das lojas. Natalino negou que ele ou o irmão tenham passado qualquer tipo de orientação nesse sentido aos inquilinos.