Justiça manda prender bombeiro que atirou em atendente do McDonald’s durante bate-boca

Paulo Cesar de Souza Albuquerque se apresenta na delegacia após prisão decretada 

O pedido de prisão preventiva do sargento Paulo Cesar de Souza Albuquerque foi feito pelo Ministério Público/Reprodução/Redes sociais 

A Justiça do Rio determinou na última quinta-feira (19) a prisão de Paulo Cesar de Souza Albuquerque, o sargento dos Bombeiros que atirou contra um atendente do McDonald’s na Taquara no último dia 9 após uma discussão sobre cupom de desconto. O pedido de prisão preventiva foi feito pelo Ministério Público e acatado pelo Tribunal de Justiça.

O crime foi filmado pelas câmeras de segurança do estabelecimento. O militar é acusado de homicídio tentado qualificado por motivo torpe. Mateus Domingos Carvalho foi baleado na região do abdômen. Após o ataque, o bombeiro fugiu em seu carro.

A postura do acusado também legitimou a prisão preventiva: “a indicar, concretamente, que não pretende se submeter à aplicação da lei penal, um dos pressupostos da preventiva”, justificou o juiz Gustavo Kalil.

Se entregou na delegacia da Taquara

Paulo Cesar de Souza Albuquerque se entregou hoje (20) na 32ª Delegacia de Polícia (Taquara), horas após a Justiça expedir mandado de prisão preventiva contra ele. Mais cedo, o advogado do militar, Sandro Figueiredo, esteve na distrital e disse que o cliente se apresentaria em questão de horas.

“De fato, ele vai se apresentar. Vai cumprir a determinação judicial. O juiz decretou a prisão preventiva. Por certo, a defesa vai usar os recursos necessários para guerrear esta decisão. O Paulo César é funcionário público, tem 24 anos de serviço e vai se apresentar. Ele está disposto a colaborar com a instrução criminal. Hoje ainda, ele vai se apresentar voluntariamente”, disse o advogado.

Na decisão do mandado de prisão preventiva, o juiz Gustavo Gomes Kalil, da 4ª Vara Criminal, argumentou que “a prisão é necessária à instrução criminal garantindo a integridade física e psíquica das testemunhas e, especialmente, da vítima sobrevivente, além, por óbvio, dos depoimentos judiciais delas com segurança”.

O juiz relata ainda que uma das testemunhas afirmou ter medo do acusado. O crime aconteceu no dia 9 de maio, na Estrada dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio. Em depoimento prestado na 32ª DP (Taquara), o militar alegou ter sido alvo de deboches da vítima antes de ter feito o disparo “acidental”. Paulo Cesar relatou ter se ofendido durante a anotação de seu pedido. Toda a ação foi registrada por câmeras de segurança do estabelecimento e ele foi afastado de suas funções.

De acordo com o sargento, Mateus então teria debochado e o ofendido, tendo pedido para falar baixo e o mandado calar a boca em seguida. A discussão ainda teria continuado e, segundo Paulo Cesar, Mateus teria dito, “em meio a caras e bocas”, que não sabia o motivo do cliente estar “histérico”, completando que um gay reconhece o outro. Neste momento, o bombeiro desceu do carro e acertou o rosto de Mateus, que está sentado, no interior da cabine de atendimento, como registrado pelas câmeras de segurança. O funcionário então se levanta e acerta o rosto de Paulo César. O golpe quebra o acrílico, que teria ferido o rosto do cliente.

O depoimento ainda cita que, “movido pela raiva”, o bombeiro foi em direção à loja para entrar. Ele contou que duas pessoas tentaram o impedir de entrar e, nesse momento, ele teria sacado a arma que carregava, uma pistola. As câmeras registraram Paulo Cesar, acompanhado por pelo menos um homem, empurrando outros dois que estavam na porta da lanchonete, enquanto segura a arma com a mão direita, e consegue entrar no salão.

Ele segue para a cozinha, e vai em direção a Mateus. Rapidamente, Paulo Cesar saca uma pistola da cintura e atira no jovem, que cai no chão. Funcionários parecem se assustar com o barulho do tiro e saem correndo pela loja. O sargento chega a exibir a arma em outro momento para outra pessoa que parece trabalhar como segurança do estabelecimento. Em depoimento, ele disse que disparou “de forma acidental”, após ser acertado por um soco na boca, como um reflexo do corpo.

Mateus Domingues Carvalho teve alta hospitalar, mas precisa usar bolsa de colostomia por causa de lesões no intestino/Reprodução/Redes sociais 

Mateus Domingues Carvalho, de 21 anos, foi socorrido e levado para o Hospital municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, onde passou por cirurgia. Dez dias depois de ser baleado, o jovem teve alta médica na última quarta-feira (18) do Hospital Marcos Moraes, no Méier, na Zona Norte do Rio, onde estava internado.

O jovem continuará realizando tratamento em casa. Atualmente, Mateus precisa de uma bolsa de colostomia por causa dos ferimentos no intestino. Ele também perdeu o rim esquerdo e chegou a fazer um exame para identificar possíveis lesões por estilhaços de bala que ficaram alojados em seu corpo. O projétil disparado pelo sargento fraturou um dos ossos da coluna da vítima, o que chegou a preocupar os médicos com relação à perda de movimentos nas pernas. O risco foi descartado posteriormente.

Paulo Cesar tem anotações criminais, uma de 2012, por lesão corporal e ameaça, contra uma mulher, também na Taquara. E outra, de 2018, por esbulho possessório, referente a um terreno em Guaratiba, também na Zona Oeste do Rio, em que a denunciante relatou que a área teria sido invadida pelo sargento. (com informações do O Globo)