Justiça mantém prisão de PM por tiro fatal à queima-roupa no Complexo da Maré, na Zona Norte do Riom
Vídeo mostra o momento em que o morador é atingido. Juiz vê elementos para que o policial militar responda por homicídio qualificado após ação desastrada na Maré
A Justiça do Rio manteve nesta sexta-feira (9), em audiência de custódia, a prisão do policial militar Carlos Eduardo Gomes Reis, por matar um jovem de 24 anos à queima-roupa do Complexo da Maré, na Zona Nortedo Rio, na última quinta-fera (8).
Jefferson de Araújo Costa foi morto durante um protesto na Avenida Brasil contra
uma operação policial que ocorria na comunidade. O cabo foi preso em flagrante
por homicídio culposo, quando não há a intenção de matar.
No documento da Central de Custódia do Tribunal de Justiça, o juiz Diego
Fernandes Silva Santos concordou com a argumentação do Ministério Público do
Rio (MPRJ) de que há elementos para uma tipificação mais grave, como homicídio
qualificado – o que deve ser ajustado quando o MP finalizar a denúncia do caso,
segundo reportagem da TV Globo.
O homicídio qualificado é um crime hediondo, considerado mais grave do que o
homicídio simples e com penas mais severas. Na decisão, o juiz cita que há o
perigo da liberdade devido a “fatos delituosos, em tese, hediondos, cometidos com
violência grave”.
Vídeo mostra o tiro na barriga
Um vídeo mostra o momento em que o cabo aborda o morador e faz um movimento
como o fuzil como se fosse acertar Jefferson com o cano. A arma dispara, e um tiro
acerta a barriga da vítima. O policial vai embora sem prestar socorro.
Jefferson participava de um protesto e, nas imagens, aparenta estar desarmado.
Não dá para ver qualquer ataque dele ao PM. Os familiares relataram que o rapaz
tinha problemas psiquátricos e era usuário de drogas.
Em depoimento, o policial alega que Jefferson tinha uma pedra na mão, o que a
família da vítima nega.
As polícias Militar e Civil realizavam uma ação emergencial na Maré, para recuperar
uma carga com carros de alto padrão vinha de Minas Gerais para ser entregue no
Rio. Todos foram recuperados, segundo a polícia.
O secretário da Polícia Militar, coronel Luiz Henrique Marinho Pires, afirmou pela
que a abordagem do cabo Eduardo foi totalmente equivocada.
“Não é ensinado isso nos nossos bancos escolares, nos nossos centros de
treinamento. A abordagem daquela forma, numa manifestação, não é feita daquela
forma. Completamente equivocada a abordagem do policial”, admitiu o secretário.