Marido de mulher baleada em blitz da PRF diz que policial ‘descarregou fuzil’

PRF-1

Anne, ao lado de Alexandre Mello: Comoção e revolta marcaram o velório e o enterro de Anne Caroline/Rafael Nascimento/g1

Alexandre Roberto Ribeiro Mello, de 32 anos, disse que os agentes da Polícia
Rodoviária Federal (PRF) que atiraram contra o seu carro durante uma abordagem
na Rodovia Washington Luiz, no último sábado (17), foram responsáveis pela morte
de sua esposa, Anne Caroline Nascimento Silva, 23. O corpo da jovem foi sepultado
na tarde desta segunda-feira (19) no Cemitério Memorial do Rio, em Cordovil, na Zona Norte do Rio, sob forte comoção e revolta.

Ele relatou que estava parando o carro e já tinha dado sinal com o pisca-alerta
após os agentes ordenarem e acabaram atingindo Anne antes mesmo que o carro
pudesse parar. Essa versão contradiz a do agente, que afirma que o motorista não parou.

“Foi um assassinato. Ele descarregou o fuzil todo no carro. Os furos estão lá, os
tiros estão todos no meu carro. (…) Foi execução”, disse Alexandre. “Minha esposa
faleceu, ela não volta mais. Eu quero justiça contra ele. Eu vou até o final para ele
ter a justiça merecida. Errou tem que pagar, matou tem que ser preso”, completou.
O agente Thiago da Silva de Sá chegou a ser preso no último domingo (18), mas foi
liberado após passar pela audiência de custódia na Justiça Federal. Ele afirma que
o carro não parou na abordagem e que fez oito disparos em direção aos pneus.
Alexandre e familiares de Anne negam.

Ligou o pisca-alerta
Ainda de acordo com o relato do marido da vítima, os agentes deram a ordem para
que ele parasse o carro, mas como ele estava no meio da pista central da BR-040,
ligou o alerta e dirigiu na direção de um ponto mais seguro para encostar o veículo.

Alexandre disse também que os agentes desceram do carro transtornados, quando
perceberam que tinham atingido a mulher que estava no banco do carona. “Eles
desceram e entraram em desespero, todos eles. Eles me culpando como se eu
tivesse apertado o gatilho. ‘a culpa é sua, a culpa é sua. Seu mer*’. Falando um
monte de coisas, me xingando”, relatou.

Pediu pra não morrer
De acordo com a versão de Alexandre, após perceberem a mulher baleada, os
agentes conduziram o carro dele para o hospital. No trajeto, o marido da enfermeira
contou que a mulher pediu para não morrer.

“Ela foi baleada e só falou: ‘Amor, tomei um tiro, tomei um tiro’. Eu desci e coloquei
a mão nela e senti o sangue. Ai eles mesmos levaram para o hospital. Eles tão
nervosos, conduziram meu carro para o hospital. Eles viram a besteira que
fizeram”. “No caminho do hospital ela ainda disse: ‘Amor, não quero morrer, não
quero morrer’, contou Alexandre.

Em uma nota divulgada na tarde do último [domingo (18), a PRF tinha falado em um “acompanhamento tático a um veículo suspeito em fuga”.