MP pede prisão de dois indiciados pelo assassinato do ator Jeff Machado

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Jeff passeia com seus cães da raça Setter: morte violenta chocou o Rio/Reprodução

 

O Ministério Público do Rio pediu nesta quinta-feira (1º) a prisão temporária do produtor de TV Bruno Rodrigues e do garoto de programa Jeander Vinícius da Silva Braga, de 29 anos, acusados de matar o ator Jefferson Machado Costa, 44.

No documento enviado à Justiça, o promotor Sauvei Lai, da 3ª Promotoria de
Justiça de Investigação Penal Especializada do Núcleo Rio de Janeiro, afirma que
os dois suspeitos teriam se valido de um momento íntimo com Jeff para cometer o
crime.

“Os ora indiciados aproveitaram-se do momento em que mantinham relação sexual
com a vítima para pôr em prática plano criminoso, estrangulando-a e colocando o
seu cadáver em um baú, para, posteriormente, ocultá-lo no terreno do imóvel
alugado por Bruno, onde o enterraram e concretaram a cerca de dois metros de
profundidade”, diz o pedido de prisão.

Personagem fictício
Bruno alega que o crime aconteceu no dia 23 de janeiro, quando ele, acompanhado
de Jeander Vinícius da Silva Braga e outro homem, chamado Marcelo, estiveram na
casa do ator. Para a polícia, Marcelo é um personagem fictício.
Neste dia, Bruno teria gravado uma relação sexual entre Marcelo, Jeff e Jeander. O
vídeo seria publicado em plataformas de conteúdo adulto. Ainda conforme a versão
de Bruno, ele só gravou o ato sexual e se retirou do quarto.
Segundo o suspeito, pouco tempo depois, Jeander e Marcelo desceram com Jeff,
desacordado. Jeander teria dito a Bruno que Marcelo deu um mata-leão em Jeff.

Jeander Vinícius da Silva Braga, disse à polícia que fazia “bicos” com obras e como garoto de programas/Reprodução

Quem é o segundo suspeito do crime

Apontado pela Delegacia de Descobertas de Paradeiros (DDPA) como o segundo suspeito de matar o ator, Jeander contou ser padeiro e não ter trabalho com carteira assinada. Por isso, fazia “bicos” com obras e como garoto de programas. O produtor de TV Bruno Rodrigues (primeiro suspeito) teria o conhecido por meio de um aplicativo de relacionamento há quase dois anos e o teria contratado.

Em depoimento, Jeander afirmou que cobra entre R$ 150 e R$ 200 por programa, dependendo do cliente. Ele também disse ser casado e que espera o sexto filho. Apesar de não fazer muitas publicações, ele tem três perfis diferentes no Instagram. Juntas, as três contas somam 16 fotos publicadas, a maioria selfies. No dia 25 de abril, ele postou a última foto do seu perfil, com a legenda “mó paz”.

Jeander teria conhecido Jeff há cerca de um ano no mesmo aplicativo no qual se relacionou com Bruno. Amigos em comum, ele conta em depoimento à polícia que, do final de 2021 e ao longo de 2022, os três passaram a se envolver em trio.

À polícia, Jeander também revelou ser usuário de maconha e álcool, mas, no depoimento de Jorge Augusto, que o namorou e o conhecia a mais de 10 anos, afirma que o suspeito era alcoólatra e viciado em cocaína. Jorge, a pedido dele e de Bruno, abrigou os oito Setters em seu terreiro por três dias, acreditando que Jeff Machado estava viajando e não poderia cuidar dos cães.

Segundo as investigações, ele e o produtor Bruno Rodrigues premeditaram a morte de Jeff. Jeander era amigo de Bruno, apontado no inquérito como mandante do crime. Eles se conheciam há muitos anos e costumavam participar de encontros juntos. A polícia confirma que ambos planejaram o golpe financeiro, bem como a morte do ator.

Suspensão de processo
Jeander Vinícius teve um processo por roubo de celular suspenso, de forma condicional, no dia 25 de abril, quase três meses após a morte de Jeff Machado. A investigação do desaparecimento já estava em andamento.

A audiência de abril tratava do processo de roubo de telefone que ocorreu em junho de 2019, quando ele foi preso em flagrante no bairro de Copacabana, na Zona Sul do Rio. Em depoimento à polícia, a vítima relatou que, após ser roubada, gritou “pega ladrão”, e pessoas que passavam no local conseguiram impedir a fuga. Ele ficou preso durante quatro meses.

No mês passado (dia 25 de abril), ele conseguiu um acordo com a Justiça. Na decisão, a juíza ressaltou que Jeander era réu primário e tinha bons antecedentes. Uma das condições para a suspensão era de que ele precisava comparecer bimestralmente, até o dia 10 de cada mês, para informar e justificar suas atividades. Ele também não poderia sair da Comarca de sua residência por mais de quinze dias sem autorização prévia.

Na decisão, a juíza Daniela Barbosa Assumpção de Souza diz que a suspensão pode ser revogada se Jeander for processado por qualquer crime, ou for preso, ou processado por contravenção.

O crime
Jeff foi asfixiado com um fio de metal, na própria casa, em Guaratiba, colocado em um baú e transportado para uma casa alugada em Campo Grande, também na Zona Oeste. A polícia acredita que Jeander Vinícius cavou o buraco onde o baú, com o corpo do ator, foi concretado. Já Bruno é apontado como o autor do assassinato. Ele teria asfixiado a vítima com um fio de metal.

Segundo as investigações Bruno teria matado Jeff, após aplicar um golpe por motivos financeiros. A polícia identificou que Bruno conheceu Jeff no período da pandemia e que já naquela época pediu R$ 20 mil ao ator sob a promessa de um papel em novela. Os dois são acusados pelos crimes de homicídio qualificado e ocultação de cadáver. O inquérito ainda não foi concluído.

Ligações para loja de materiais de construção 

Apontado como principal suspeito na morte do ator, Bruno de Souza Rodrigues fez sete ligações para lojas de materiais de construção no dia seguinte ao do assassinato do ator. A informação faz parte da investigação da polícia, que, a partir de busca eletrônica, identificou as chamadas pelo celular dele.

O suspeito teria comprado materiais necessários à concretagem do local onde o corpo de Jeff foi encontrado, mas quem escavou e o enterrou foi Jeander Vinicius, garoto de programa indiciado por participação no crime.

De acordo com as investigações, Bruno e Jeander aplicaram um golpe contra o artista, fazendo transferências financeiras mesmo após o assassinato. Os três se conheciam a mais de um ano e costumavam se envolver em trio.

Bruno é acusado de ter comprado os materiais para o enterro e obra na casa onde o corpo do ator foi encontrado, e Jeander de ter escavado, enterrado e ajudado nas obras do imóvel, que teve muro aumentado, soleira construída e portão trocado dias após o assassinato de Jeff. (com informações do Extra)