Número reduzido de policiais femininas nas Deams reduz combate à violência de gênero

Alerj

A diretora do Departamento Atendimento à Mulher do RJ, delegada
Gabriela Von Beauvais, durante audiência na Alerj/Reprodução

O reduzido número de polícias femininas nas Delegacias Especializadas de
Atendimento à Mulher (Deam) no estado, foi apontado como um dos fatores que
levam as mulheres vítimas de violência a sofrer o que é chamado de revitimização
nas delegacias. O tema foi abordado, na última terça-feira (22) durante audiência
pública da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, da Assembleia Legislativa
do Rio (Alerj), que recebeu pessoas que enfrentaram esse problema nas unidades
policiais.

Segundo a diretora do Departamento Geral de Atendimento à Mulher da Secretaria
de Polícia de Estado Civil, Gabriela Von Beauvais, dos 157 peritos que compõem a
corporação, apenas 47 são mulheres. Só no primeiro semestre deste ano foram
registradas 16 mil ocorrências de violência doméstica, e desse montante apenas 38
foram denúncias caluniosas.

“Esses 38 registros representam menos de 0,3% das denúncias realizadas. Ou seja,
não podemos acreditar na falácia de que muitas mulheres vão às delegacias para se
vingar dos parceiros, quando os dados mostram o contrário. Esses registros e
medidas protetivas mostram a quantidade de vidas que foram salvas. Essas
mulheres precisam, sim, do aparato do Estado e devem procurar as delegacias”,
afirmou Gabriela, informando ainda que foram executadas 11 mil medidas protetivas.

A presidente da comissão, deputada Renata Sousa (PSol), disse que a fala da
delegada colabora para a desmistificação do discurso de que muitas mulheres usam
a Lei Maria da Penha de forma leviana. “Fiquei muito satisfeita com a fala da
delegada que trouxe dados científicos. Não dá para tentar deslegitimar a fala da
mulher que foi violentada”, disse a parlamentar, observando que o Rio de Janeiro é
o segundo estado do país com mais casos de feminicídios.