Operação contra ‘Caixinha’ do CV na Zona Norte do Rio tem 3 mortos e 12 presos
PMs tiveram de usar um maçarico para abrir caminho/Reprodução
Armas e drogas apreendidas pelos policiais durante a operação no Complexo do Alemão/Reprodução
A operação também teve como alvos familiares dos traficantes (acima e abaixo), como esposas, mães e irmãos/Reprodução
Balança de precisão apreendida pelos agentes/Reprodução
Traficantes ergueram barricadas e jogaram óleo no asfalto para impedir o avanço das viaturas da polícia. Caveirão derrapou em uma ladeira e destruiu três veículos e quase atropelou um morador
As forças de segurança do Rio de Janeiro realizaram nesta quarta-feira (15) mais uma fase da Operação Torniquete. Desta vez, o foco foi a “Caixinha do Comando Vermelho”, o esquema de lavagem de dinheiro e de financiamento da facção. Três suspeitos foram mortos em confronto, e 12 pessoas foram presas. Houve ainda 4 feridos, entre eles um policial do Bope.
O objetivo dos policiais era prender 13 alvos. Havia um 14º mandado de prisão, mas o alvo foi morto em uma disputa de territórios com uma facção rival. Foram 8 mandados de prisão cumpridos e 4 presos em flagrante. Cinco seguem foragidos.
Além do confronto armado, traficantes ergueram barricadas e jogaram óleo no asfalto para impedir o avanço de blindados. O repórter cinematográfico Betinho Casas Novas registrou o momento em que um Caveirão derrapa em uma ladeira no Alemão e quase atropela um morador. Ao descer descontrolado, o veículo atingiu 3 carros e 1 moto.
O governador do Rio, Cláudio Castro (PL-RJ), afirmou que o Estado vai pagar pelo conserto dos carros atingidos pelo Caveirão. “Os carros vão ser todos consertados, o governo do estado vai arcar com 100% do prejuízo deles.”
Segundo Castro, o veículo entrou para salvar um policial que tinha sido baleado. “Botar óleo para o Caveirão não subir e o cúmulo do abuso. Para ver que isso é um efeito colateral de ADPF (635), de outras decisões. O criminoso está perdendo o medo.”
Trilho de trem como cancela
Em outro ponto do complexo, PMs tiveram de usar um maçarico para abrir caminho. Um trilho de trem foi improvisado como cancela e teve de ser partido a fogo. Retroescavadeiras também foram mobilizadas.
Também houve denúncia de invasão de residências. Segundo moradores, agentes estão verificando celulares e revistando as casas sem autorização judicial.
Desarticular núcleo financeiro da facção criminosa
Desta vez, o objetivo é desarticular o núcleo financeiro da facção criminosa. Os alvos são familiares e operadores do fundo da facção conhecido como Caixinha. Esse fundo é alimentado por diversos crimes que impactam a população, como roubo e furto de veículos e de cargas e extorsão, além da disputa por territórios.
A Secretaria de Segurança apura, porém, se houve vazamento do plano da investida. Na noite da última terça-feira (14) circulavam informes de que haveria movimentação policial logo cedo. “Mas isso não prejudicou a operação”, afirmou o secretário da Polícia Civil, Felipe Curi. “Já cumprimos metade dos mandados de prisão.”
As investigações, conduzidas com uso de tecnologia avançada pelo Laboratório de Tecnologia contra Lavagem de Dinheiro, revelaram um esquema sofisticado de manipulação de valores. Foram identificadas 5 mil operações financeiras, totalizando R$ 21 milhões oriundos de atividades ilícitas.
Os mandados de prisão preventiva foram expedidos pela 1ª Vara Criminal Especializada do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e foram cumpridos em Bangu, Jacarepaguá, Engenho da Rainha, Nova Iguaçu, Ramos, Copacabana, Cordovil, Santo Cristo e no Instituto Penal Vicente Piragibe.
Também houve mandados para serem cumpridos na Bahia e na Paraíba. Os alvos dos mandados de prisão também foram denunciados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). (com informações do g1)