Operação deixa 10 mortos no Complexo da Penha, Zona Norte do Rio 

Penha (2)

Armas apreendidas no Complexo da Penha na manhã desta quarta-feira/Divulgação

A operação policial começou por volta das 3h da manhã/Divulgação

Carlos Alberto Marques Toledo, conhecido como Fiel da Penha, um dos mortos e Cláudio Henrique da Silva Brandão, o Do leme/Reprodução

 

Uma operação das polícias Militar e Civil deixou 10 mortos e cinco feridos, entre os
quais dois policiais militares do Bope, no Complexo da Penha, Zona Norte do Rio, na manhã desta quarta-feira (2).

Segundo a PM, 9 pessoas que foram baleadas são suspeitas de participar da troca
de tiros e foram socorridas pelas forças policiais e morreram no Hospital Getúlio
Vargas. Uma vítima foi socorrida por moradores e não teve sua identidade apurada.
A operação policial começou por volta das 3h da manhã e só terminou às 14h,
depois de um protesto envolvendo moto-taxistas.

Segundo a PM, a motivação para a ação de ontem foi a informação da inteligência
da Polícia Militar, que descobriu que haveria uma reunião de líderes do Comando
Vermelho em uma região dentro do Complexo da Penha, conhecida como Vacaria.
De acordo com relatos, os confrontos e tiroteios começaram por volta das 3h.

“Muitos tiros, muitos tiros na mata. O caveirão subiu a parte da mata e bateu de
frente com os bandidos todos armados, fortemente armados. Aí, estourou uma cena
de guerra intensa aqui em cima na mata”, disse um morador.

Policial ferido no abdômen
Durante o confronto, um policial militar foi ferido no abdômen e levado para o
Hospital Estadual Getúlio Vargas (HGV), na Penha. Em seguida, ele foi transferido
para o Hospital Central da Polícia Militar, no Estácio, no Centro do Rio. O estado de
saúde do PM é estável. Outro foi ferido por estilhaços no local do confronto,sem
gravidade e socorrido ali mesmo.

Na ação, sete fuzis, munições e granadas foram apreendidos. A ocorrência foi
encaminhada para a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC).

Dupla morta na operação extorquia moradores
Duas das dez pessoas mortas durante uma operação da Polícia Militar e da Polícia
Civil, nesta quarta-feira, na Vila Cruzeiro, na Penha, na Zona Norte do Rio, foram
identificadas como Carlos Alberto Marques Toledo, o Fiel, e Cláudio Henrique da
Silva Brandão, o Do leme. Fiel é apontado em investigações policiais como sendo
gerente do tráfico de drogas nas comunidades da Fé e da Chatuba, no Complexo da
Penha, com atuação também no Morro do Juramento, em Vicente de Carvalho. Já
Do Leme seria seu segurança. Todas comunidades citadas têm o comércio de
drogas controlado pela maior facção criminosa do Rio.

Ambos viraram réus pelo crime de organização criminosa no dia 21 de junho deste
ano após a Justiça do Rio aceitar uma denúncia do Ministério Público do Estado do
Rio de Janeiro (MPRJ) contra eles. Segundo o órgão, a dupla e outras 29 pessoas
integravam uma organização criminosa que tinha como objetivo obter vantagens
econômicas indevidas, através do tráfico de drogas, roubos, agressões e extorsões
na região da comunidade do Quitungo e Guaporé, em Brás de Pina, na Zona Norte
do Rio.

O MPRJ ainda apontou que Do Leme seria um dos responsáveis por uma invasão a
um conjunto de imóveis, no dia 14 de novembro de 2022, no Quitungo, com o
objetivo de tomar a propriedade usando a violência. Na ocasião, o criminoso, junto
com outros traficantes do CV, ameaçaram os moradores usando armas para que
eles dessem o valor do aluguel, que era menos de R$ 500, diretamente à
Associação de Moradores da comunidade, onde o grupo tinha domínio. A pessoa
que não quisesse continuar morando no local deveria entregar a chave da
residência na boca de fumo do morro e não mais ao real proprietário.
Por causa dessas alegações, o juiz Juarez Costa de Andrade expediu um mandado
de prisão preventiva para ambos.

Fiel da Penha ainda acumulava outros cinco mandados de prisão em aberto. O
primeiro do ano de 2019. A organização criminosa responsável por extorsões a
moradores, a qual ambos faziam parte, foi alvo de uma operação da Polícia Civil no
início de julho. Oito suspeitos foram presos e dois adolescentes apreendidos na
ação.