Perícia encontra fragmento de fuzil em corpo de adolescente morto em comunidade do Rio
Parentes choram sobre o caixão com o corpo de Cauã, que foi sepultado no Cemitério de Irajá, na Zona Norte/Brenno Carvalho / Agência O Globo
A perícia identificou fragmento de um projétil de fuzil alojado no corpo do adolescente Cauã da Silva dos Santos, de 17 anos, morto na última segunda-feira (4) em Cordovil, bairro da Zona Norte do Rio. O objeto foi encontrado solto entre o pulmão e a caixa torácica, na cavidade pleural esquerda, altura da costela. Segundo a perícia realizada pela Polícia Civil, a bala pode ter sido ricocheteada.
“O fragmento bateu no adolescente, ficou preso no coração e devido à gravidade, soltou e caiu na parede da caixa torácica. O projétil estava solto, não chegou a ficar preso”, disse uma perita ao Metrópoles, que prefere não ser identificada.
A especialista acredita que Cauã possa ter morrido por hemorragia no coração ou parada cardíaca. “Devido à lesão no coração, tudo indica que ele possa ter morrido por hemorragia e em consequência, uma parada cardíaca. A bala só não ficou alojada porque como o coração bombeia, esse fragmento acabou sendo expelido”, explica a perita.
O corpo de Cauã foi sepultado na tarde desta quarta-feira (6) no Cemitério de Irajá, na Zona Norte do Rio. A presença de PMs no velório causou indignação entre os familiares. “Vocês acabaram com a minha vida, com a vida da minha mãe”, gritava a irmã mais velha. Os agentes foram embora cerca de dez minutos depois.
PMs são afastados
A Polícia Militar informou que os agentes envolvidos na morte de Cauã foram afastados e tiveram suas armas recolhidas. Os agentes foram ouvidos pela Delegacia de Homicídios da Capital e pela 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM). As armas da equipe já foram entregues à perícia da Polícia Civil e os profissionais estão afastados do serviço nas ruas.
Baleado no peito ao deixar festa de crianças
Lutador de jiu-jitsu e de luta livre em um projeto social, Cauã também trabalhava em um ferro-velho. Ele foi baleado no peito ao deixar uma festinha para crianças na comunidade. Segundo a família, o adolescente não tinha envolvimento com o tráfico.
Segundo a Polícia Militar, não havia operação na comunidade Dourado. Cauã estava retornando para casa com colegas e crianças menores, que ele deixaria em casa quando, segundo a família, foi atingido por militares que chegaram atirando. Em seguida, o corpo foi jogado em um valão. Ele chegou a ser socorrido para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, mas já chegou morto.