PF apura se agentes da Civil venderam 29 fuzis apreendidos a outra quadrilha

Quatro policiais foram presos por ligação com o tráfico. A apreensão e venda teria sido vingança contra facção que não pagou resgate por preso. Durante entrevista à imprensa, o delegado regional executivo da Polícia Federal no Rio, João Paulo Garrido Pimentel, afirmou a investigação ainda está em andamento que ocorre em sigilo
Equipe da PF leva malote ao sair da Cidade da Polícia, um dos alvos de busca e apreensão/Reprodução
O policial civil Juan Felipe Alves da Silva foi preso na Operação Drake/Reprodução
Dois dos quatro veículos de luxo apreendidos/Reprodução
Os quatro policiais civis presos nesta quinta-feira (19) na Operação Drake, da Polícia Federal e do Ministério Público do Rio (MPRJ), teriam vendido fuzis apreendidos para uma facção, como represália a uma quadrilha que não tinha pago um resgate para a liberação de um preso.
Ao todo, foram cinco presos, sendo um deles um advogado. Também foram
apreendidos quatro veículos de luxo, R$ 65 mil em espécie, celulares e diversos
documentos. O grupo será indiciado pelos crimes de corrupção passiva, corrupção
ativa e tráfico de drogas.
Durante entrevista à imprensa, o delegado regional executivo da Polícia Federal no
Rio, João Paulo Garrido Pimentel, afirmou a investigação ainda está em andamento
que ocorre em sigilo.
“Com base nos dados que foram coletados hoje, haverá desdobramentos podemos
descobrir outros delitos. Mas essa fase está encerrada”, afirmou Garrido.
De acordo com um relatório de inteligência, a equipe da Delegacia de Repressão a
Roubos e Furcos de Cargas (DRFC) exigiu R$ 500 mil para liberar um homem que
teria sido preso e conduzido à Cidade da Polícia.
No entanto, em razão de não ter recebido o valor integral, como forma de vingança,
a equipe da DRFC teria apreendido 31 fuzis da facção e vendido 29 para a facção
rival. Depois, teriam formalizado a apreensão de apenas 2 fuzis e drogas.
A apreensão foi apresentada dia 17 de julho, como tendo sido realizada no
Complexo da Penha, Zona Norte do Rio. Os agentes também apresentaram 200 kg
de maconha e 20 kg de pasta base de cocaína.
Um policial procurou a PF e denunciou o esquema. Um relatório da Civil foi enviado
para a PF afirmando que houve uma apreensão de fuzis, mas apenas 2 foram
apresentados.
Inteligência à serviço do crime
Segundo a denúncia, os policiais teriam usado a inteligência da Civil para
apreender armas e extorquir dinheiro de traficantes. Eles teriam montado uma
operação e foram para a Vila Cruzeiro porque descobriram pela inteligência que as
armas estavam sendo mantidas na comunidade.
Ainda segundo as investigações, há 2 meses os 4 agentes, venderam 16 toneladas
de maconha para o Comando Vermelho, a maior facção criminosa do RJ. Os
suspeitos teriam, inclusive, escoltado a carga até uma favela dominada pelos
traficantes.
Os cinco mandados de prisão foram expedidos pela 1ª Vara Criminal da Comarca de
Resende. Agentes foram atrás dos alvos da operação em endereços na capital
fluminense e em Saquarema. Um dos locais é a Cidade da Polícia, onde fica a
DRFC, na Zona Norte.
Os presos são: Alexandre Barbosa da Costa Amazonas, ex-agente da DRFC;
Eduardo Macedo de Carvalho, ex-agente da DRFC; Juan Felipe Alves da Silva, ex-
chefe do setor de investigações da DRFC; Leonardo Sylvestre da Cruz Galvão,
advogado; Renan Macedo Guimarães, ex-agente da DRFC.
Os policiais presos não trabalhavam mais para a DRFC desde setembro, quando
houve uma troca de comando na especializada, sendo realocados em diferentes
unidades.
Flagrante na divisa entre Rio e São Paulo
De acordo com a PF e o MPRJ, em 8 de agosto deste ano, duas viaturas da DRFC
abordaram na divisa de São Paulo com o Rio de Janeiro um caminhão — que já
vinha sendo monitorado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) — com 16 toneladas
de maconha.
“Após escoltarem o caminhão até a Cidade da Polícia Civil, os policiais civis
negociaram, por meio de um advogado, a liberação da carga entorpecente e a
soltura do motorista, mediante o pagamento de propina”, afirmou a PF, em nota.
Ainda segundo a Polícia Federal, no dia 9 de agosto “três viaturas ostensivas da
DRFC escoltaram o caminhão até os acessos de Manguinhos. Em seguida, a carga
de maconha foi descarregada pelos criminosos”.
“O nome da operação remete ao pirata e corsário inglês Francis Drake, que
saqueava caravelas que transportavam material roubado e se julgava isento de
culpa em razão da origem ilícita dos bens”, explicou a PF.
O secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, repercutiu a prisão dos agentes. “Policiais traficando é a falência da autoridade do estado”, escreveu Cappelli em suas redes sociais.
Ele ainda parabenizou a Polícia Federal e o Ministério Público do Rio (MPRJ) pela
deflagração .