PM ocupa Complexo da Mangueirinha em Duque de Caxias após mortes de policiais

Agentes realizam buscas no complexo de favelas para localizar e prender os assassinos dos dois policiais/Cléber Mendes/Agência O Dia

O caixão com o corpo do PM Raphael Queles Cardoso desce a sepultura no Cemitério Sulacap/Cléber Mendes/Agência O Dia

Com apoio do 3º Comando de Policiamento de Área (CPA) e Comando de Operações Especiais (COE), policiais do 15º Batalhão de Polícia Militar (Duque de Caxias) ocupam o Complexo da Mangueirinha, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

A ocupação acontece 24 horas depois da operação que resultou na morte dos cabos Raphael Queles Teixeira Cardoso, de 34 anos, e Leandro dos Santos Lopes, 36. Os corpos dos militares foram sepultados na tarde desta terça-feira (8), no cemitério de Sulacap, na Zona Oeste do Rio.

A Polícia Militar informou que os agentes realizam buscas na comunidade para localizar os suspeitos do crime, e conta com apoio de viaturas e blindados posicionados em diversos pontos estratégicos.

Baleados durante confronto
Os PMs foram atacados durante confronto em um dos acessos da comunidade, durante a incursão. A operação tinha o objetivo de coibir crimes como roubos de veículos e de carga. Os dois chegaram a ser socorridos ao Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, mas não resistiram aos ferimentos.

Um suspeito foi baleado e socorrido ao mesmo hospital e outro homem foi preso. Com eles, foi apreendida uma pistola, além de entorpecentes. Um terceiro agente ferido, identificado como o primeiro-tenente Marques, 33, atingido no rosto e no
ombro esquerdo, foi socorrido e liberado. O quarto agente, Fábio dos Santos Teles, foi inicialmente socorrido ao Hospital Municipal Dr. Moacyr Rodrigues do Carmo (HMMRC) com ferimentos de bala no punho e mão esquerdos. Posteriormente, ele foi transferido para Hospital Adão Pereira Nunes. Ele teve a mão esfacelada por um tiro de fuzil 762.

A direção da unidade informou ontem (8), que o agente passou por procedimento cirúrgico para correção de lesão dos ossos da mão, e no momento se encontra lúcido, orientado e mantém o quadro estável.

A investigação está sendo conduzida pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF).

‘Honrava a farda como ninguém’, desabafa viúva de policial militar morto em operação em Caxias

Raphael Queles Teixeira Cardoso, de 34 anos, foi sepultado no início da tarde desta terça-feira (8) no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap

“Estava no sangue dele ser policial militar”, desabafou Audren Cardoso, de 31 anos, viúva do cabo Raphael Queles Teixeira Cardoso, de 34 anos, morto durante uma operação no Complexo da Mangueirinha, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. O policial foi velado e enterrado no início da tarde desta terça-feira (8), no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, Zona Oeste. Cardoso deixa a
esposa e dois filhos, um de 11 anos e outro de 15 anos.

“Ele era maravilhoso. Um pai e marido exemplar. Amava a profissão que tinha, honrava essa farda como ninguém”, lembrou a viúva, com quem Cardoso foi casado por 12 anos. Audren afirmou ainda que ficou sabendo da morte do marido através dos jornais: “Fiquei sabendo pela pior forma de se receber uma notícia, de que seu marido saiu para trabalhar e não vai voltar mais”, disse, abalada.

Além de Audren, familiares e amigos de farda também foram ao cemitério para prestar suas últimas homenagens ao policial. “Era um cara super brincalhão, com coração bondoso. Soube da morte dele por volta das 7h da manhã [de segunda], quando estava levando meu filho para a escola. Fiquei arrasada”, afirmou Daniele Guimarães, de 29 anos.

A assessora parlamentar desenvolveu uma amizade com o PM através do seu esposo, com quem Cardoso trabalhou em 2017. “De lá para cá, sempre tivemos esse contato de amizade, dele ir lá para casa tomar café com a gente. Ele era sempre para cima e do nada essa fatalidade, essa covardia. Todo mundo ficou em choque”, relatou Daniele, que enxergava em Cardoso uma pessoa querida por todos:
“Ele deixou o legado dele, uma pessoa boa, de coração bom”.

O amigo de longa data, Washington Nascimento, de 51 anos, também lamentou a morte do cabo. “Quando eu soube da morte, fiquei destruído, a família ficou arrasada. É difícil de acreditar”, desabafou o açougueiro, que viu o sonho do amigo se tornar uma tragédia: “o sonho dele sempre foi entrar para a Polícia Militar. O Raphael era um exemplar de família, um homem que morreu pela bandeira do Estado. Vamos ver até quando vai continuar isso”, disse.

Cardoso era lotado no 20º BPM (Mesquita) e entrou na corporação em 2013. Além dele, morreu também na ação o policial Leandro dos Santos Lopes, de 36 anos, também lotado no Batalhão de Mesquita. Com a morte dos dois agentes, sobe para 33 o número de policiais militares mortos em situações violentas no
Rio de Janeiro em 2022, sendo 12 em serviço, 18 na folga e três inativos.