PMs do 39º BPM ligaram para chefe da milícia de Belford Roxo dentro da cadeia

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PMs foram levados à unidade prisional da Polícia Militar em Niterói, Região Metropolitana/Renan Areias / Agência O Dia

O soldado Jorge Luiz Custódio da Costa e Julio Cesar (abaixo) foram presos na operação de terça (14)

Investigações do Ministério Público do Rio revelaram vínculo entre policiais militares presos em operação e milicianos

Investigadores do Ministério Público do Rio (MPRJ), descobriram na última terça-feira (14), durante a Operação Patrinus, que resultou na prisão de 13 policiais militares do 39° BPM (Belford Roxo), que os PMs Julio Cesar Ferreira dos Santos e Jorge Luiz Custódio da Costa, fizeram contato direto com o miliciano Domerice dos Santos José, conhecido como ‘Dito’, ou ‘Devagar’, chefe da milícia que atua na região.

A revelação veio à tona após a apreensão do celular de Julio Cesar. As investigações também apontam que os PMs pertencem a um grupo criminoso que vendia armas e drogas apreendidas em ações policiais de combate ao tráfico no município da Baixada Fluminense.

Julio Cesar e Jorge Luiz, presos preventivamente pelos crimes de organização criminosa, corrupção e peculato, também são acusados pelo homicídio de Edson de Souza Arguinez Júnior e Jordan Luiz de Oliveira Natividade em dezembro de 2020. Julio Cesar chegou a ser preso na época do crime, mas passou a responder pelo crime em liberdade. A análise do celular de Julio Cesar permitiu descortinar o vínculo dele e de Jorge Luiz com ‘Dito’.

Mensagens trocadas

Dois dias antes do duplo homicídio de Edson e Jordan, foram encontradas mensagens trocadas entre os PMs com o miliciano Domerice. O criminoso em questão é responsável por criar a milícia atuante nos bairros de Nova Aurora e Babi, onde os corpos das vítimas foram localizados. O miliciano foi citado no Relatório Final da CPI das Milícias, em 2008, como líder da organização.

Miliciano está preso desde 2017

As conversas com Domerice se deram com ele preso, já que foi detido em 2017 e encontra-se custodiado desde então. Também foi constatado que Julio Cesar, pouco tempo depois da abordagem às vítimas, fez uma ligação para o policial militar Alex Bonfim de Lima Silva, conhecido como ‘Alex Armeiro’, que já responde a ações penais por porte ilegal de arma de fogo e por envolvimento com as milícias atuantes no bairro Babi, em Belford Roxo (onde os corpos das vítimas foram encontrados), e em São João de Meriti.

No aparelho celular de Julio Cesar também foram recuperadas várias mensagens em que o acusado deixa claro sua obsessão por matar assaltantes. A perícia no aparelho celular também encontrou diversas mensagens que comprovam o vínculo criminoso dele com outros 13 policiais do 39º BPM, o que motivou a deflagração da Operação Patrinu.

Diante das provas obtidas pela análise do aparelho celular de Julio Cesar, o Juiz Luis Gustavo Vasques, titular da 1ª Vara Criminal de Belford Roxo, decretou a prisão preventiva dos réus, destacando que “os elementos de convicção trazidos a exame deixam revelar a contento indícios de autoria e prova da materialidade do crime” e que “é necessário assegurar a integridade física dos familiares das vítimas e testemunhas, cujos depoimentos em juízo são imprescindíveis para o processo”.