Polêmicas fazem de Marcelo Crivella um ‘lobo em pele de cordeiro’

Brasília - O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, fala à imprensa após reunião com o presidente Michel Temer, no Palácio do Planalto (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Uma vela pra Deus, outra pro diabo

O então prefeito Marcelo Crivella publicou declaração polêmica em sua
página do Facebook. Preconceito e discriminação caminham de mãos dadas com o ex-prefeito do Rio, que prega o amor ao próximo

É sábio afirmar que princípios religiosos não podem ser maculados com atitudes
preconceituosas e discriminatórias, principalmente quando vem de alguém que
prega o amor ao próximo, de forma incondicional, mas só verbalmente. Na prática, o desvio de conduta faz despencar a máscara.

Bispo da Igreja Universal do Reino de Deu (IURD), denominação religiosa envolta
em polêmicas e processos judiciais, o ex-prefeito do Rio e deputado federal Marcelo
Crivella parece desconhecer valores humanos e seu discurso carrega a demagogia
de muitos políticos que demonstram desprezo pelos menos favorecidos.

Prova disso aconteceu em 2020, quando então prefeito do Rio (2017 a 2020)
vandalizou o grave problema habitacional em seu governo com uma declaração
chula e desprezível. À época, Crivella usou sua página do Facebook para “pessoas
gostam de morar ali perto porque gastam menos tubo para colocar cocô e xixi e ficar
livre daquilo”.

O então mandatário culpou os moradores de comunidades cariocas pela ocupação
desordenada de áreas próximas a rios e córregos, ao avaliar que as consequências
das fortes chuvas em março daquele poderiam ser reduzidas se as margens dos
rios não fossem ocupadas.

Lavou as mãos

Na opinião do político, há “certas coisas que o cidadão precisa fazer por si mesmo”.
A fala provocou indignação entre moradores, que entenderam o contexto da
declaração como a prefeitura não ter a obrigação de solucionar o problema.

Mais indignados ficaram os eleitores que depositaram nas urnas a confiança em
Crivella para resolver as mazelas mais urgentes como a moradia digna.
A defesa do discurso moralizador, mas alheio aos interesses da população, se
choca com o envolvimento em suposto esquema de corrupção que manchou seu
governo.

Réu na Justiça Eleitoral com outras 25 pessoas

Em fevereiro de 2023, Marcelo Crivella e os outras 25 pessoas viraram réus pelo
“QG da Propina” na Prefeitura do Rio. O grupo é acusado pelo crime de caixa 2
durante a campanha eleitoral de 2016.

De acordo com a denúncia do Ministério Público, o político supostamente recebido
R$ 1 milhão em propina de um grupo de empresários. Todos vão responder por
corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.