Polícia Civil prende suspeitos de aplicar golpe com falsa garota de programa no Rio
Ryan Carlos Reis Lima (no alto) foi preso em flagrante com um revólver 38 e Rayene Carla Reis Lima está foragida da Justiça. Sarah Santos Borges (acima) também foi presa/Reprodução
Os golpistas conversavam com os alvos, pediam fotos de partes intimas e depois se passavam por milicianos e cobravam pelo suposto programa
Agentes da 17ª DP (São Cristóvão) prenderam nesta sexta-feira (13) duas pessoas envolvidas em um esquema de extorsão que usava falsas garotas de programa para atrair vítimas. Ryan Carlos Reis Lima e Sarah Santos Borges foram presos e Rayene Carla Reis Lima é considerada foragida da Justiça.
De acordo com as investigações, os golpistas conversavam com os alvos, pediam fotos de partes intimas e pegavam seus dados pessoais. No dia seguinte, eles se passavam por milicianos e cobravam pelo suposto programa da noite anterior, ameaçando os ‘clientes’ de morte.
“Se eu chegar na sua casa não tem conversa”; “Te dei a chance de resolver”; “Quer brincar com miliciano”; “Se não tiver com o valor vamos te matar”, diziam os golpistas.
Segundo os investigadores, pelo menos 30 pessoas sofreram com o golpe. Os suspeitos pediam entre R$ 600 e R$ 3.500 mil para não expor os alvos nas redes sociais.
Ainda de acordo com a Polícia Civil, o golpe funcionava em duas partes. Primeiro, uma mulher se apresentava como garota de programa e puxava assunto com os alvos do bando.
Quando ela conseguia atrair um suposto “cliente”, eles começavam a conversar por meio de aplicativos de troca de mensagens. Conforme o papo ia esquentando, a mulher pedia para os “clientes” mandarem fotos de partes intimas ou se masturbando.
Após algum tempo, o papo era finalizado ali mesmo, sem nenhum contato pessoal entre a mulher que integrava o grupo criminoso e a vítima.
No dia seguinte, uma outra pessoa começava a segunda etapa do golpe: pesquisa e extorsão. O grupo conseguia reunir o maior número de informações possíveis dos alvos, como dados pessoais dele e de parentes, além do endereço da vítima.
Com essas informações, os golpistas entravam em contato com a vítima se passando por milicianos. Segundo as conversas interceptadas pela Polícia Civil, o criminoso dizia para a vítima que ele tinha deixado de comparecer em um suposto programa com a mulher que ele havia conversado na noite anterior.
Vergonha de denunciar
Nas mensagens obtidas pela TV Globo é possível ver que os golpistas diziam que o “cliente” teria que pagar pelo falso programa e mais uma taxa por ter feito a falsa garota de programa perder outro cliente.
A extorsão seguia com muitas ameaças de exposição das fotos da vítima em redes sociais ou para filhos e esposas, além de mostrar que eles sabiam de dados sensíveis da vítima, como endereço, nome completo e CPF, por exemplo.
Os investigadores da 17ª DP estão reunindo os registros feitos sobre crimes como esse para contabilizar o número total de vítimas do bando. Até o momento, são 31 registros de ocorrência contra o grupo que aplicava o golpe do falso programa.
Responsável pela investigação, a delegada Márcia Beck disse que o número de vítimas deve ser bem maior do que o dado oficial, visto que as pessoas têm vergonha de denunciar a extorsão pela natureza do crime.