Policiais envolvidos na morte de adolescente na CDD são afastados das ruas do Rio
Homenagens para Thiago Flausino, que sonhava com a carreira de jogador profissional e foi morto na Cidade de Deus/Reprodução/Redes sociais
Quatro policiais militares que participaram da ação que terminou na morte do
adolescente Thiago Menezes Flausino, de 13 anos, na Cidade de Deus, comunidade na Zona Oeste do Rio, foram afastados do serviço das ruas. A coporação informou que a decisão é provisória e deve permanecer até o fim das investigações.
A Polícia Civil investiga o caso e está analisando imagens de câmeras de segurança.
As armas usadas pelos PMs foram apreendidas e periciadas. A Corregedoria da PM
também está investigando o caso. O menino foi morto na noite da última segunda-
feira (7), quando estava na garupa da moto de uma amigo no interior da comunidade.
Na última quinta-feira (10), durante evento em Campo Grande, também na Zona
Oeste da cidade, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou a criticar a
política de segurança pública do governo do RJ.
“Que nunca aconteça o que aconteceu com o menino de 16 anos (Thiago tinha 13),
que foi assassinado por um policial despreparado ou irresponsável”, afirmou Lula,
que chegou a olhar para o governador Cláudio Castro atrás dele no palco de um
evento no Rio.
Lula, então, se dirigiu diretamente a Castro e afirma: “Governador, o presidente da
República quer ter responsabilidade junto com você. Nós precisamos criar condições de a polícia ser eficaz, de a polícia ser pronta para combater o crime, mas ao mesmo tempo essa polícia precisa saber diferenciar o que é bandido e o que é um pobre que anda na rua. E, para isso, ela tem que estar bem formada.
Cena do crime forjada
Familiares afirmam que o jovem foi executado pelos policiais e falaram em cena
forjada pela PM. O tio de Thiago disse que o sobrinho foi executado por um policial
quando já estava caído no chão.
“O Thiaguinho estava passeando de moto com um amigo, saindo da Cidade de
Deus, que foi abordada já a tiro. Um tiro pegou na perna, o Thiaguinho caiu, aí a
gente tem um trechinho da imagem, que vê o Thiago no chão, ainda vivo, e o policial
acaba de executar ele”, descreveu Hamilton Bezerra Flausino.
Executado após levar tiro
Mãe de Thiago, Priscila Menezes disse que a família está muito abalada “com o fato
de estarem acusando uma criança de 13 anos de ser envolvida com tráfico”.
“Ele não era nada. Ele era apenas um adolescente ceifado por essa necropolícia
que a gente tem no nosso estado. Mais uma vítima que entra para a estatística.”
Acusação de câmera adulterada
A família ainda acusa a PM de ter adulterado o registro de uma câmera de
segurança, com o objetivo de apagar a ação: “Hoje em dia as câmeras têm internet,
bluetooth. Eles conseguiram, com o celular, ter acesso e apagaram só a parte da
execução, mas a gente tem um minuto antes e, após um minuto e um pouquinho,
continua a imagem. Dá para ver ainda um pedaço do corpo do PM dando o último
tiro para executar ele no chão”, detalhou.