Pré-candidato à Prefeitura de Meriti responde a ação disciplinar na PM e é réu por ‘rachadinha’
Ex-deputado estadual Marcos Muller vai responder à ação penal por vários crimes. O politico, é acusado da prática de peculato, concurso de pessoas e de chefiar organização criminosa
Pré-candidato a prefeito de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, o ex-
deputado estadual e sargento da Polícia Militar Marcos de Oliveira Muller tem o selo de ‘ficha suja’ na vida pública.
Acusado de transgressão disciplinar de natureza grave, o PM, que é lotado na
Diretoria de Veretanos e Pensionistas (DVP) da PMERJ, foi submetido ao Conselho de Disciplina da corporação por desvio de conduta, e teve o porte de arma revogado, além do acautelamento da cédula de identidade.
O processo (0069386-12.2023.8.19.0001) tramita na 3ª Vara Criminal Especializada da Comarda da Capital, na qual constata-se o recebimento de denúncia protocolada no dia 21 de agosto de 2023 contra o então 3ª sargento pela prática de peculato, concurso de pessoas e crime continuado, como organização criminosa.
Em agosto do ano passado, a Justiça do RJ aceitou a denúncia do Ministério
Público do Rio (MPRJ) e tornou réu Marcos Muller e outras 12 pessoas sob
acusação de ‘rachadinha’ quando o político exercia o cargo de deputado na
Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
Em sua decisão, o juiz Alexandre Abrahão Dias Teixeira, da 3ª Vara Especializada em Organização Criminosa, diz que os indícios apontam que “no curto tempo de análise dos dados Muller incorporou ao seu patrimônio, pelo menos, R$ 902.132,58.”
Chefe de organização criminosa
As investigações apontaram Marcos Muller como o líder intelectual da organização criminosa. Segundo a denúncia, a estratégia era nomear assessores parlamentares que aceitassem devolver ao parlamentar parte de seus salários. Em sua decisão, o juiz Alexandre Abrahão destaca que os indícios apontam que “no curto tempo de análise dos dados Luiz Marcos de Oliveira Muller incorporou ao seu patrimônio, pelo menos, R$ 902.132,58.”.
O ex-deputado é acusado ainda de ter comprado imóveis com o dinheiro da prática ilegal e colocado no nome de funcionários do gabinete.
Os réus terão que cumprir as seguintes medidas cautelares, como comparecimento periódico em juízo a cada dois meses; proibição de manterem contato com testemunhas e demais pessoas que, de alguma forma, estejam envolvidas nos fatos apurados; proibição de ausentarem-se da comarca por prazo superior a dez dias; impossibilidade de entrada e permanência em dependências dos Poderes Executivo e Legislativo do Município de São João de Meriti (reduto eleitoral de Marcos Muller) e do Estado do Rio; e proibição de ocupar qualquer cargo público nas esferas municipal, estadual e federal.
Crime à época em que era vereador
De acordo com investigações do MP, a prática criminosa do grupo é anterior à
chegada do parlamentar na Legislativo estadual.
Na denúncia, o MP ressaltou que o esquema já ocorria quando Marcus Muller era vereador em Meriti, onde cumpriu três mandatos.
“A organização criminosa instituída no âmbito da Assembleia Legislativa do Estado Rio de Janeiro tem sua gênese em uma associação criminosa constituída – por alguns idênticos personagens – ainda quando do exercício de vereança de Marcos Muller na Câmara Municipal”, dizia um trecho da denúncia.