Presos por negociar armas do Exército recebem Bolsa Família, mas ostentavam nas redes sociais

Operação-2

Marques Fidelix, o Jessé, e Márcio André Geber Boaventura Júnior, que foram presos em São Paulo. Um Volvo avaliado em R$ 200 mil foi um dos carros apreendidos/Reprodução

Jesser Marques Fidelix, o Jessé, e Márcio André Geber Boaventura Júnior, que
foram presos na noite da última quinta-feira (11) em São Paulo por suspeita de
negociar as armas furtadas de um quartel do Exército, estão inscritos no programa
Bolsa Família, do governo federal.

Entretanto, a vida que ostentavam nas redes era outra, com carros potentes e
apartamentos de luxo. Além disso, de acordo com as investigações da Delegacia de
Repressão a Entorpecentes (DRE), da Polícia Civil do RJ, a dupla tinha uma
movimentação bancária de milhões.

Jessé e Márcio André foram capturados em um condomínio de luxo em Santana de
Parnaíba, na Grande São Paulo, pela DRE. A prisão temporária é por 30 dias.
Além de Jesser e Márcio, a Polícia Civil descobriu que Ticiane Souza Costa,
companheira de Jessé e alvo de busca nesta manhã, também está inscrita em
programa do governo federal.

Segundo as investigações, Jessé e Márcio André ofereceram o armamento para o
Comando Vermelho (CV), a maior facção criminosa do tráfico do RJ, e uma denúncia anônima levou os agentes até os dois.

Nos endereços ligados à dupla, os policiais civis encontraram 5 carros que,
segundo os agentes, estão assim avaliados: R$ 200 mil (Volvo); R$ 44 mil (Saveiro);
R$ 91 mil (Audi); R$ 45 mil (Citröen); R$ 120 mil (Kia).

A Polícia Civil apreendeu 12 celulares com o grupo, além de uma máquina de contar
dinheiro.

Relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e análises do
Laboratório de Lavagem de Dinheiro da Polícia Civil mostram que Ticiane, por
exemplo, movimentou R$ 9 milhões em suas contas bancárias entre 24 de março de
2021 e 30 de outubro de 2023.

Já a irmã dela, Isabela, também alvo da operação, declarou ter renda de R$ 4 mil
como analista de sistemas, mas a sua movimentação bancária chegou a pouco mais
de R$ 3,9 milhões entre 2 de julho de 2021 e 31 de maio de 2023.
Partes desses valores foram, segundo a polícia, repassados fracionados e em
espécie para Márcio André. Houve depósitos, em sua conta, de valores acima de R$
50 mil, de acordo com a DRE.