Putin ordena que forças nucleares estejam em alerta máximo e ONU critica decisão

Presidente russo, Vladimir Putin, fez declaração na TV estatal

RÚSSIA – O presidente da Rússia, Vladimir Putin, deu ordem para que o comando de seu país coloque as armas nucleares de represália em posição de alerta grave, depois de ouvir declarações que considerou agressivas de representantes dos países que fazem parte da Otan. As informações são da agência Reuters.

“Como vocês podem ver, países do Ocidente não só tomam medidas não amistosas contra nós na dimensão econômica —eu me refiro às sanções que todos conhecem bem e também aos principais dirigentes que lideram a Otan que se permitem fazer declarações agressivas em relação ao nosso país”, ele afirmou na TV estatal.

“Dessa forma, comando ao ministro da Defesa para que as forças de deterrência do país estejam de prontidão”, disse. Deterrência é o ato de impedir um ataque provocando um dano ao agressor —essa é uma referência a unidades militares que incluem armas nucleares.

Reação dos EUA
O governo dos Estados Unidos afirmou que a ordem do presidente Vladimir Putin para colocar as armas nucleares de seu país em estado de alerta grave faz parte de um padrão da Rússia em fabricar ameaças para justificar uma agressão.
A Organização das Nações Unidas (ONU) reagiu às declarações de Putin, ao afirmar que condena qualquer uso de armas nucleares nos confrontos com a Ucrânia, país que vive o quarto dia consecutivo de bombardeios.

ONU aprova reunião extraordinária
O Conselho de Segurança da ONU aprovou ontem, a pedido de países ocidentais, uma resolução para convocar hoje (28), “em sessão extraordinária de emergência”, a Assembleia Geral, a fim de que seus 193 membros se pronunciem sobre a invasão à Ucrânia.

A resolução, promovida pelos EUA e pela Albânia, foi aprovada por 11 países, com o voto contrário da Rússia e a abstenção de China, Índia e Emirados Árabes. O regulamento da ONU não contempla o direito ao veto para recorrer a essa instância.

Israel se ofereceu para intermediar negociações
O primeiro-ministro Naftali Bennett se ofereceu para intermediar um fim das hostilidades da Rússia em território ucraniano neste domingo (27) em uma conversa com o presidente Vladimir Putin. A Ucrânia pediu a intermediação de Israel durante meses. Os israelenses têm boas relações com os dois países em conflito.

Os Estados Unidos foram informados da oferta de Israel para intermediação. Bennett também alertou os ucranianos que iria ligar para Putin antes de fazer a chamada.

Mais de 350 civis ucranianos já foram mortos, diz Ministério da Defesa do País
O Ministério do Interior da Ucrânia informou neste domingo (27) que 352 civis ucranianos já foram mortos durante a invasão da Rússia ao país vizinho, incluindo 14 crianças, disse a agência de notícias Associated Press (AP).

Segundo o ministério, cerca de 1.684 pessoas, incluindo 116 crianças, ficaram feridas durante a invasão iniciada na quinta (24). O ministério não fornece informações sobre baixas entre as forças armadas da Ucrânia. A Rússia, por sua vez, alegou que suas tropas estão atacando apenas instalações militares
ucranianas e diz que a população civil da Ucrânia não está em perigo.

A Rússia também não divulgou nenhuma informação sobre baixas entre suas tropas. O Ministério da Defesa russo reconheceu no domingo apenas que soldados russos foram mortos e feridos, sem fornecer números.

Depósito de petróleo em chamas após ser atingido por um bombardeio perto da base aérea militar Vasylkiv, na região de Kiev, Ucrânia/Maksim Levin/Reuters

Mísseis balísticos atingem refinaria de petróleo

O quarto dia de confrontos entre a Rússia e a Ucrânia teve início com grandes explosões registradas na cidade de Vasylkiv, a cerca de 40 quilômetros ao sul de Kiev, que iluminaram o céu da capital, após atingir uma refinaria de petróleo. Na manhã deste domingo (horário local), as sirenas voltaram a tocar na capital e há relatos de novas explosões.

Ainda incapaz de ocupar Kiev, as tropas russas conseguiram avanços significativos em outras áreas, ao furarem o bloqueio ucraniano e adentrarem Kharkiv, segunda maior cidade da Ucrânia, localizada na região nordeste, distante 460 quilômetros de Kiev, e também ao “bloquearem completamente” as cidades de Kherson e Berdyansk, no sul do país.

O Antonov-225 Mriya, de fabricação ucraniana, foi queimado em um ataque russo ao aeroporto Hostomel, perto de Kiev/Reuters

Maior aeronave do mundo é destruída em ataque russo
O maior avião de carga do mundo, o Antonov-225 Mriya, de fabricação ucraniana, foi queimado em um ataque russo ao aeroporto Hostomel, perto de Kiev, disse a fabricante de armas estatal ucraniana Ukroboronprom neste domingo (27).

“Os ocupantes russos destruíram o carro-chefe da aviação ucraniana — o lendário An-225 Mriya. Aconteceu no aeródromo de Antonov em Hostomel, perto de Kiev”, disse Ukroboronprom em sua página no Facebook. Ele disse que a restauração do avião custaria mais de US$ 3 bilhões e levaria muito tempo.

A informação foi confirmada pelo ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, nas redes sociais. “Esta foi a maior aeronave do mundo, AN-225 ‘Mriya’ (‘Dream’ em ucraniano). A Rússia pode ter destruído nosso ‘Mriya’. Mas nunca poderão destruir o nosso sonho de um Estado europeu forte, livre e democrático. Vamos prevalecer!”