Qual é o papel das empresas no combate à violência contra a mulher?

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Ricardo Machado é professor universitário e gestor de carreiras/Divulgação

A violência contra a mulher não dá trégua. É o que mostra estudo divulgado nesta quinta-feira pela Rede de Observatórios da Segurança. Foram registradas 3.181 ocorrências de gênero na Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo no ano passado. O número representa um aumento de 22% na comparação com 2022, quando o Pará ainda não fazia parte do monitoramento. Segundo a pesquisa, uma mulher é vítima de violência a cada três horas, considerando o universo de apenas oito dos estados brasileiros. Diante deste cenário, qual seria a participação das empresas no combate à violência contra a mulher?

Para o professor universitário e gestor de carreiras, Ricardo Machado, o mundo corporativo pode e deve participar de forma objetiva na mudança cultural da violência contra a mulher. Segundo ele, as empresas possuem um papel fundamental neste processo social. Perguntado sobre como as organizações podem ajudar a mudar esse quadro vergonhoso, o gestor de carreiras Machado destaca que parte dos homens que estão nas manchetes dos noticiários e cometendo estes crimes de agressão e feminicídio contra as mulheres, também são aqueles mesmos profissionais que passam boa parte das horas do dia dentro do ambiente profissional, trabalhando normalmente. A primeira pergunta que muitos podem pensar é: “e daí? O que as empresas têm com isso?”.

O gestor de carreiras Machado faz uma reflexão. “Qual empresa gostaria de ver um de seus funcionários como figuras machistas e criminosas? Pelo contrário, elas querem que seus colaboradores sigam a mesma boa imagem que sua publicidade deseja passar. Então, por que não agir na causa e não apenas no efeito de simplesmente demitir um funcionário agressor”, pondera.

A proposta do especialista Machado é que as empresas invistam em educação social junto aos seus colaboradores com campanhas para tentar colaborar com a extinção desta postura cultural agressora. “Assim, evitaria a associação da empresa à imagem ruim e a demissão de, talvez, um bom funcionário e verdadeiramente colaborar com uma sociedade melhor. Então, funcionários, diretores e departamentos de recursos humanos, vamos agir. Vamos verdadeiramente meter a nossa colher nesta questão, porque na violência contra a mulher, a empresa pode e deve meter a colher”, afirma.