Temporal provoca 18 mortes, deslizamentos e arrasta carros em Petrópolis, na Região Serrana

Rua do Imperador, no Centro de Petrópolis,  ficou totalmente coberta pelas águas 

Uma sequência de imagens mostra a destruição causada pelo dilúvio na cidade da Região Serrana/Reprodução 

Vídeos divulgados nas redes sociais também mostram imagens de carros sendo arrastados por fortes correntezas/Reprodução

 

Um forte temporal atingiu a cidade de Petrópolis, localizada na Região Serrana do Rio, nesta terça-feira (15), provocando alagamentos, inundações e deslizamentos em vários pontos. Vídeos, divulgados nas redes sociais, também mostram imagens de carros sendo arrastados por fortes correntezas. O município decretou estado de calamidade pública.

Em nota, a Defesa Civil do Rio de Janeiro e o Corpo de Bombeiros confirmaram pelo menos 18 mortos. O Centro da cidade ficou inundado e os corpos apareceram depois que o nível do rio desceu. Houve ainda um deslizamento no Morro da Oficina, no bairro Alto da Serra. Mais de 180 militares atuam no atendimento à população e fazem atendimento em um total de 40 localidades de Petrópolis.

A prefeitura informou que colocou em prática o Plano de Contingência para Chuvas de Verão 2022, desenvolvido para providenciar respostas rápidas em emergências por precipitações intensas no Rio. Os trabalhos são acompanhados pelo secretário Estadual de Defesa Civil e comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Leandro Monteiro. Além disso, houve um total de 176 ocorrências na região, sendo 148 delas, deslizamentos de terra — entre eles, o registrado na encosta do Morro da Oficina, no fim da
tarde. As demais ocorrências se deram nos bairros Quitandinha, Alto da Serra, Castelânea, Centro, Coronel Veiga, Duarte da Silveira, Floresta, Caxambu e Chácara Flora.

A Defesa Civil local começou a emitir alerta aos moradores desde as 18h51, sinalizando a ocorrência de deslizamentos em diversos pontos da cidade e acionou sirenes — ao todo, o município possui 18 sirenes do Sistema de Alerta e Alarme, instaladas em comunidades com áreas de risco.

Deslizamento de terra atinge escola 

No fim da tarde, um deslizamento de terra atingiu a escola Emas (Escola Municipal Vereador José Fernandes da Silva), localizada no Alto da Serra. Os estudantes foram levados para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro. A Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros não informaram quantos estudantes estavam no colégio no momento do incidente e quantos foram encaminhados para a unidade de saúde.

A cidade já vinha sofrendo há dias com fortes chuvas na região, mas, nesta terça, foram registrados cerca de 260 mm de precipitação em um período de apenas seis horas, levando caos ao município.

O presidente Jair Bolsonaro, que está em viagem oficial na Rússia, disse ter determinado “auxílio imediato às vítimas”/Reprodução

Em seu perfil no Twitter, o presidente Jair Bolsonaro disse ter feito ligações para “auxílio imediato às vítimas”. Já o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), demonstrou preocupação com a situação em Petrópolis e disse manter conversas com o prefeito da cidade, Rubens Bomtempo (PSB).

Ele disse ainda que orientou parte dos secretários a ajudar “no que for preciso”. Bolsonaro, que está na Rússia em viagem oficial, também determinou para que ministros de seu governo deem o apoio necessário às vítimas das fortes chuvas.

Castro acompanha os trabalhos das equipes
O governador segue hoje para Petrópolis para acompanhar os trabalhos. Segundo o governo do estado, 60 militares, 10 aeronaves e oito ambulâncias foram disponibilizadas para a região e devem chegar à Região Serrana, no máximo, na manhã de hoje (16).

Calamidade
O estado de calamidade pública permite à Prefeitura ampliar os gastos, atrasar pagamentos e parcelar dívidas para combater algum problema — seja ele um desastre natural ou conflitos políticos, econômicos e sociais. É uma situação mais grave do que o estado de emergência.

Segundo o S2iD, Sistema Integrado de Informações sobre Desastres, ligado ao Ministério do Desenvolvimento Regional, Petrópolis já tinha a situação de emergência reconhecida desde o dia 1 de fevereiro, devido às chuvas intensas na região.

No dia 15 de janeiro de 2011, Nova Friburgo, na Região Serrana, foi arrasada pelas chuvas, que deixaram um rastro de destruição e morte/José Patrício/AE

Desastre marcou Região Serrana em 2011
Há 11 anos, uma tragédia provocada pelas chuvas deixou mais de 900 de mortos na Região Serrana do Rio, no maior desastre natural do país até então. Foram 426 mortes só em Nova Friburgo e 381 em Teresópolis. Petrópolis também estava entre as cidades mais atingidas, com 71 fatalidades. Na ocasião, o distrito de Itaipava foi o que mais sofreu com as consequências da chuva. Também houve mortes em Sumidouro (21), São José do Vale do Rio Preto (4) e Bom Jardim (1).

E a previsão para esta quarta-feira (16), segundo a Climatempo, em Petrópolis, é de mais chuva, com volume pluviométrico acumulado de 25 mm. Isso significa que o município deve receber pelo menos 25 litros de água acumulados sobre uma superfície de área equivalente a 1 metro quadrado.