Testemunha diz que adolescente morto na Ilha do Governador era traficante
Mototaxista afirma que só percebeu arma no chão após abordagem da PM que terminou com morte do adolescente de 17 anos e uma menina
A testemunha de uma abordagem policial que terminou com as mortes de Wendell Eduardo Almeida, de 17 anos, e da menina Eloah Passos, de 5, na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio, afirmou em depoimento que sabia que o adolescente era traficante.
O homem que disse ser mototaxista, alegou que só percebeu que o jovem estava armado quando viu “os policiais militares arrecadarem a arma de fogo do chão”, após Wendell ser baleado.
A versão contraria o que disse a família do jovem, que não tinha conhecimento do envolvimento dele com o tráfico. O corpo de Wendell foi sepultado ontem (13), no Cemitério da Cacuia, na Ilha do Governador.
Em depoimento na Delegacia de Homicídios da Capital, o homem disse que Wendell pediu uma corrida após o baile do morro do Dendê. E que recebeu o pedido de levá-lo até o outro lado da favela. Na rua Paranapuã, o mototaxista disse que viu os policiais militares pelo retrovisor e ouviu um disparo de arma de fogo, parando sua moto imediatamente.
Ainda segundo essa testemunha, Wendell caiu. O mototaxista disse que não tentou fugir da abordagem da polícia, e que viu os PMs pegarem uma arma do chão. Ele disse não saber se Wendell apontou a arma para os policiais, “pois estava focado no trânsito e nos transeuntes.”
Na tarde do último sábado (12), a Polícia Militar informou que afastou o comandante do batalhão da Ilha “para dar uma maior lisura e transparência à averiguação dos fatos.”
Eloá será enterrada nesta segunda
O corpo da menina Eloah foi liberado no Instituto Médico Legal (IML) na manhã desta segunda-feira (13). No entanto, o enterro só vai ocorrer hoje (14), às 11h, no cemitério da Cacuia.
Por conta do horário da liberação do corpo, os cartórios já estão fechados e a família não conseguirá dar continuidade aos trâmites para a cerimônia.
Desolada, Cláudia da Silva Souza, mãe da vítima, falou com a imprensa ao deixar o IML: “Estou muito triste. Minha filha era só alegria”, desabafou ela, que também estava com uma das irmãs de Eloah no colo.