Uma em cada 10 menções a políticas mulheres tem algum tipo de violência

Comissão

Reunião da CPI da Alerj de Combate à Violência Cibernética contra as
Mulheres/Octacílio Barbosa/Divulgação

A informação foi debatida em reunião da CPI da Alerj de Combate à Violência Cibernética contra as Mulheres

A cada 10 menções nas redes sociais a parlamentares mulheres, no Brasil, pelo
menos uma contém algum tipo de violência. O dado, produzido pelo Mapa da
Violência Política de Gênero em Plataformas Digitais, foi apresentado pela Codiretora Executiva da ONG Coding Rights, Mariana Tamari, duranteaudiência pública da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de Combate à Violência Cibernética contra as Mulheres, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), nesta quinta-feira (24), na sede do Parlamento fluminense.

O estudo, que analisou menções a 79 deputadas federais e a 12 senadoras da 56ª
legislatura (2019 a 2023), será incluído no relatório da CPI, assim como propostas
apresentadas Por Tamari para diminuir essa estatística. “É preciso criar diretrizes
para documentar esses casos, porque ainda temos poucos dados consolidados.

Além disso, é preciso ter protocolos de atuação, pela comissão de ética, para
quando os ataques acontecerem. E, por fim, os deputados precisam buscar um
canal direto com as plataformas para o caso de contas hackeadas”, sugeriu.

Tipos de ataques
Entre os ataques mais frequentes ocorridos com mulheres em cargos políticos estão
a desinformação com campanhas de desprestígio, difusão de informação falsa,
violação de privacidade com a exposição de dados pessoais, compartilhamentos
não consentidos, ofensas com discurso de ódio, cyber bullying e contas hackeadas.

“No decorrer das reuniões da CPI temos visto uma dificuldade na interlocução com
as plataformas. O que vamos buscar é um canal direto de contato com
representantes dessas empresas, para que nos ajudem quando os crimes forem
cometidos. Quem tem atribuição para legislar sobre o tema é a Câmara dos
Deputados, mas isso não impede que a gente apresente, por exemplo, à
Procuradoria da Mulher do Congresso, a sugestão de uma atualização da
legislação”, antecipou a presidente da CPI, deputada Martha Rocha (PDT).

Aumento de casos em período eleitoral
De acordo com dados da segunda edição da pesquisa Equidade de Gênero na
Política, realizada pelo DataSenado em parceria com o Observatório da Mulher
contra a Violência, 32% das mulheres já foram discriminadas no ambiente político
por conta do seu gênero, enquanto apenas 10% dos homens sofreram
discriminação devido ao gênero.

O número de ataques às mulheres que ocupam cargos políticos fica ainda maior nos
meses de outubro, em períodos eleitorais, de acordo com Tamari.