Usina usada para incinerar corpos de desaparecidos políticos durante a ditadura poderá ser tombada no RJ
Projeto impede a distribuição do Complexo Cambahyba, localizado em Campos dos Goytacazes
A Companhia Usina Cambahyba, que foi usada para incinerar corpos de desaparecidos políticos durante a ditadura militar, em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, poderá ser tombada por interesse histórico. A Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) aprovou nesta terça-feira (22), em primeira discussão, um projeto de lei com essa finalidade.
A proposta, de autoria dos deputados Marina do MST (PT) e do presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União Brasil), visa proteger o local de modificações que possam comprometer sua integridade histórica.
A ideia é que o tombamento impeça qualquer destruição ou descaracterização da área, permitindo somente intervenções que estejam em conformidade com princípios de preservação e que promovam a criação de um espaço cultural.
No depoimento do ex-delegado Cláudio Guerra à Comissão Nacional da Verdade, ele admitiu ter incinerado, nas instalações da usina, pelo menos 12 desaparecidos políticos, entre eles Ana Rosa Kucisnky e Fernando Santa Cruz.
Complexo Cambahyba
O Complexo Cambahyba, formado por sete fazendas, também esteve no centro de disputas sociais mais recentes. Desde 1998, a área foi considerada improdutiva e é alvo de reivindicações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Em 2021, a Justiça Federal decretou a desapropriação de uma das fazendas para fins de reforma agrária, dando origem ao Acampamento Cícero Guedes, hoje habitado por 300 famílias.